Trilogia - Primeiro emprego

Primeiro emprego.

1824. Rio de Janeiro. Eram tempos difíceis e Pedrinho estava feliz por ter arrumado seu primeiro emprego como ajudante na venda do português Manuel. Gostava de atender os clientes, repor o estoque e fazer contas. Apenas uma coisa o incomodava, quando, ao cair a noite a venda se fechava e o velho português o chamava para se deitar na cama. Pedrinho não gostava quando Manuel o chamava de “minha cabritinha”.

Primeiro emprego II.

Manuel era um português velho e solitário que havia imigrado para o Brasil em busca de uma vida melhor, montou no Rio de Janeiro uma vendinha. Contudo, os negócios não prosperavam na terra de Dom Pedro II e para guardar algum dinheiro era preciso economizar. Manuel seguiu então os conselhos de seus amigos portugueses comerciantes e contratou um ajudante para a venda. Resultado: ganhou um ajudante hábil em fazer contas e uma esposa “caliente” para apaziguar seu apetite sexual, não poderia ter previsto alternativa melhor.

Primeiro emprego III.

Açores, 1846. Quando Maria descobriu que um cônsul do Brasil estava recrutando moças jovens e formosas para irem para a capital do Império para trabalhar e se casar. Viu uma oportunidade de mudar os rumos de sua sorte e partiu para o desconhecido Brasil, cheia de sonhos e atrás de uma boa vida. Mas tudo que conseguiu foi uma sífilis, três filhos e quatro abortos e, no fim de sua curta vida, trabalhar no zungu de madame Vida, um cômodo nauseabundo, atrás de uma barbearia. Vida, uma negra liberta, alugava os quartos e as moças por um preço em conta para comerciantes solitários. Maria, que queria uma vida fácil, morreu naquela casa de passagem quando Manuel, um comerciante português, possesso de ciúmes por ela estar se relacionando com Pedro seu empregado e ter lhe passado sífilis, a retalhou inteira com uma navalha enferrujada. Tudo que fizeram foi limpar o sangue de Maria do chão e arrumar outra açoriana para ocupar seu lugar.