Estreitas horas
O quarto impecável revela desordem. Da rua, vozes sussurram, agonizam, estréiam o ultimato das horas decadentes. Até calar na noite, envolta pelas plumas que expõem a decência. Sob o luar os vãos contornos, adereços que retratam a ânsia do amor: medido, comedido, adulterado, aviltado... Ah! Deixa-me ficar ainda um pouco... Não é suficiente o latejar, não é bastante o luar... Da rua ouvem-se gemidos, enquanto olhos fitam o céu... o rastro hipnotiza! Ofuscado pela lua, perde-se deixando um brilho fugaz! Há ordem no quarto, o alinho dos lençóis expõe a brancura, que reluz ao som dos passos que adentram na intimidade dos desejos. Inebriado pela presença majestosa, o olhar furtivo da lua a fitar pela fresta da cortina...