Pimenta Rosa - PARTE 2
Julia olha a cena bucólica taõ diferente de tudo o que vivia na cidade,era lindo,era mágico estar ali,como em um sonho.
A cena que via era digna de uma pintura de Monet,nos tons pastéis;o verde da vegetação,a sombra refletindo as árvores na lagoa ,o amarelo vivo dos patinhos,a frondosa árvore em frente a casa,um Ipê Roxo todo florido fazia a moldura,a casa simples mas de fachada deslumbrante,dois andares sustentados por grossas colunas,toda branca e com floreiras nas janelas ,repleta de gerânios com o sol todo refletido nela.
Nem repara que ainda sorri.
João Adolpho a desperta do transe e lhe diz:Venha, quero que conheça minha Pimenta Rosa.
Júlia o olha espantada,e aceita sua mão, seguindo-o para a frente da casa.Uma senhora está sentada na varanda em uma confortável cadeira de balanço,ela lhe sorri gentil,está vestida de forma elegante com um vestido de seda azul o que reforça seus olhos de um azul límpido,o cabelo branquinho em um belo corte chanel e a pele alva,ligeiramente rosada.
Joaõ Adolpho lhe diz:Júlia te apresento a minha querida Pimenta Rosa.Sorrindo Júlia se abaixa para beijar a linda senhora,que lhe deseja as boas vindas sorrindo também.
Sem se conter Júlia quer saber:- Pimenta Rosa me deixa intrigada pela forma diferente,e vê João Adolpho abraçar a senhora que ja se levantava e lhe explica.
-Sá Benta foi minha ama de leite Júlia e sempre a tive como uma segunda mãe,olhe para ela,veja que pele linda e rosada aos oitenta e oito anos, e ela é uma pimentinha,você logo descobrirá,ela adora saber de tudo,toma conta de mim o tempo todo,uma verdadeira pimentinha...e Sá Benta sorria feliz e orgulhosa do filho que a vida lhe dera.
Júlia então a beija no rosto e revela a alegria de estar ali.
Sá Benta observa os dois discretamente e logo sente que ela deve ser especial,durante todos esses anos João Adolpho nunca trouxera ninguém em casa.Seu casamento não dera certo,a mulher nunca fora capaz de lhe acompanhar e entender o seu trabalho como fazendeiro,e nunca o compreendeu por trocar o emprego como Engenheiro pela vida do campo.
Rapidamente Sá Benta pega a mão de Júlia e diz:Vem minha filha quero que prove meu café e os bolinhos que acabei de preparar,a levando para a cozinha.
Uma ampla e arejada cozinha,toda branca e equipada com toda modernidade como forno elétrico,microondas,abridor de latas elétrico,tudo muito bem cuidado e limpo.Mas no canto da parede um imponente fogão à lenha todo em tijolo refratário que Júlia conhecia bem;pois o comprara para a churrasqueira de seu pai;o tampo todo em cobre que reluzia de tão limpo.
Sá Benta coloca a mesa e serve o fumegante café com os bolinhos,que por sinal estão deliciosos,são de banana com muito açucar e canela,Júlia como criança sem notar até lampe os dedos,o que tira um sorriso de João Adolpho,que disfarça, mas encantado pelo clima familiar.
Seguem conversado sobre a vida no campo e Sá Benta encantada
com o jeito meigo e ao mesmo tempo independente e forte de Júlia que conta sobre seu trabalho na clínica.
...O tempo passa e Júlia só se dá conta que já é tarde quando João lhe sugere lhe mostrar o resto da propriedade,
- Vem,diz ele,quero que veja agora a Negrinha.
- Vá minha filha, vá com ele, diz Sá Benta.
Negrinha é uma vaca linda,toda negra, apenas com uma mancha no alto da cabeça,vaca leiteira, o orgulho da proriedade,e Júlia acha engraçado a vaca ter nome.
Parece que por ali tudo toma a forma da magia,da beleza simples e sublime.
Um cachorro vem se juntar a eles,e João lhe faz um carinho e lhe chama de Toquinho...
Júlia em silêncio observa esse mundo tão distante do seu, ela sempre correndo, mal tendo tempo para sentir a presença da natureza,relaxar e respirar esse ar puro.
João a tira de seus pensamentos e diz: - Ei,vem comigo, temos uma fonte de agua mineral e quero que você conheça e veja o rio que corta a fazenda.
Pelo caminho árvores frondosas e flores bem cuidadas.
...Á água cristalina e pura,Júlia se abaixa fazendo uma concha com as mãos e toma a água fresca,que corre deixando um rastro por onde passa.O local é arborizado e a temperatura muito agradável,ela lava o rosto e passa a água na nuca, e ele também se abaixa e toma a água....
Se olham nos olhos e ele a convida a nadar naquele rio calmo de águas tão convidativas.
João Adolplho lhe diz:-Vamos viro para o lado e você se despe, deixa sua roupa ali na árvore e eu não olho até que entre na água.
Júlia com vontade de aproveitar o momento, mas seria uma loucura se despir na frente de um desconhecido.O que fazer?
O apelo da água,do dia,da magia,ela tão feliz, relaxada como há muito tempo não ficava,resolvera... sim entraria na água e aproveitaria o dia,ela merecia.
Tira a roupa e a coloca em um galho da árvore,ficando apenas de calcinha.
Entra no rio,a água gelada toca seu corpo que se arrepia.
Avisa joão que ja entrou,ele então se despe também,ela vira de costas,mas sem resistir tenta espiar,e vê de relance quando ele entra na água- as coxas musculosas,e o peito cabeludo...aí... solta um suspiro e pensa:Deus,que homem é esse?
Lentamente ele nada ao seu encontro,ela prende a respiração e se volta correndo para o outro lado nadando também com vigor,ele não sabia mas ela era excelente nadadora.Ele sente aquilo como um desafio e nada ao seu encontro tentando alcançá-la,ela cada vez mais depressa,nada olhando para trás e ele ali logo ao seu encalço,até que ela sente uma mão no seu tornozolo,e se volta pra ele parando de nadar rendida pelo cansaço.Bóia se esquecendo que está nua...ele a admira e bóia ao seu lado.
Toca sua mão na dela...olha seu rosto...vê cada detalhe,os lábios finos e delicados,o nariz perfeito e pequeno,a pele suave,os olhos expressivos,impossivel não querer tocar.
Quando vê já a tem nos braços,e beija aqueles lábios tão macios...
Beija a nuca, toma seu corpo e a sente derreter,não consegue parar, João tem tanto mêdo,não quer mais sofrer por amor, já havia sofrido tanto!
Mas como resistir ao encanto do coração?
Estava perdidamente envolvido por aquela mulher,será sua alegria ou sua desgraça...
Júlia sem poder adivinhar os pensamentos dele,se entrega apaixonada e sabe que será sua glória ou sua tormenta...
-Mas isso é outra estória!