Esfregando as mãos suadas e trêmulas,
ela esperava no saguão.
As pessoas circulando em sua frente a deixavam irritada,
aliás a demora dele a deixava assim.
Dentro de seu casaco em couro marrom,
ela sentia o frio da madrugada abraçar as suas costas.
Andava de lá para cá,
sem se importa com o toc-toc que faziam as suas botas.
Com os olhos no painel,
sussurrava baixinho uma oração de proteção,
controlando a sua própria insatisfação.
Aquela voz no auto-falante nunca dizia o que ela queria ouvir...
Perdida em pensamentos rasgados,
atenta ao chamado dos caminhos a seguir,
as escolhas sendo feitas...e ele logo estaria ali.
O celular vibra em sua mão...ela atende segurando as lágrimas,
lágrimas de criança que pressente que se perdeu...
ou de uma mulher que muito já sofreu.
- Oi, amor...o vôo está atrasado.
Suspiro!
O sorriso na voz dele a conforta de maneira inacreditável.
No Brasil...atraso de avião,
deixa a alma aflita
e o coração da gente na mão.