Decadência, não?

Todas as noites ele sentava naquela mesa, do outro lado da rua do boteco mais imundo que ele já tinha visto. Todos os dias ele ia tentar – inutilmente – cessar um pouco daquela imensa dor que sentia tomando aquela cerveja barata; ao menos a cerveja daquele “rafamé” era gelada. E, na verdade, de que importava? Ele era tão novo para beber e fumar como o fazia constantemente.

Que decadência, não? Onde estava toda a classe dos restaurantes franceses, dos melhores champgnes e vinhos – apenas degustados - ? Onde estava a classe que corria em suas veias de sangue nobre? Nobreza? E o que define isto? O que estava acontecendo? Pro inferno com aquilo tudo!

Os risos diários permaneciam e ninguém suspeitava que ao fim da noite ele se sentava ali, onde ninguém o conhecia e bebia, e fumava, e bebia. A desgraçada da vidinha medíocre que ele tinha, que o levava lá, e até que ela resolvesse lhe ser ao menos agradável, assim ele permaneceria. Com seus olhos de peixe morto, seu andar cambaleante, com “back to black” cantada inúmeras vezes em seus ouvidos, com seu marlboro, com sua skol, com sua vidinha medíocre.