No elevador...
A ansiedade que ela sentia,
ela disfarçava no sorriso matinal,
que, costumeiramente exibia.
Apertou o botão,
e chamando o elevador mandou
um recado ao seu coração:
Acalme-se.
A porta se abriu e fingindo uma indiferença com simpatia
ela adentrou o cubículo pavoroso,
vencendo a sua incurável claustrofobia.
Por alguns minutos o lugar se tornaria o paraiso,
minutos que fariam o seu dia cinza valer a pena
e colocariam em seu rosto um brilhante sorriso.
De terno preto e uma gravata num tom cinza...quase prata,
ele lia o jornal,
e compenetrado nas notícias ele não levantou o olhar,
numa distância-presente que mata...
Todas as manhã eram assim, ela esperava por esse momento,
era o único do dia...mas, eram os seis dias da semana.
Ela...a típica mulher que ama!
Tanta coisa ela poderia falar...era uma mulher inteligente,
tanto assunto tinha para conversar...mas a timidez não deixava.
Enquanto o elevador se abria...ela se fechava.
A porta se abriu no térreo e um "bom dia"
foi tudo o que ela conseguiu dizer...
Seguiram na mesma rua, cada um para um lado,
e na esquina ele se virou e pensou..."Um dia ela vai me ver".