Apenas um Olhar...
Sentada no gramado sobre um lenço azul,
amavelmente emprestado por ele,
ela ensaiava o que dizer.
O sino soara triste as três badaladas da tarde,
chorando como se soubesse que, os olhos de ambos,
já não tinham mais lágrimas para chorar.
-- Quem amará a ti como eu?
Não era uma pergunta, era quase uma afirmação.
Ela, hesitando levantou-se, não sabia a resposta...
talvez o vento soubesse, ou o tempo...
que se derramava naqueles minutos de maneira cruelmente lenta.
Não mentia a si própria e nem a ele, pois o seu coração havia escolhido um novo
e estranho caminho.
Certas formas de lucidez são piores que a cegueira,
como certos tipos de força nos leva à fraqueza...
No momento em que aceitamos o nosso reflexo,
resta-nos saber se o espelho é ou não deformante.
E, com uma coragem maiúscula,
eles se despediram e bastou apenas um olhar.
Num leve rodopio ela iniciou a caminhada,
levando as lembranças do amor
numa caixinha de presente enfeitada.