Era uma vez ( contos mitológicos )

HERO UMA VEZ

Ela, Hero. Ele, Leandro. Viviam às margens do estreito que separava Europa e Ásia. Hero na Europa, Leandro na Ásia.

Apaixonados, o moço atravessava a nado o estreito todas as noites, guiado pela tocha que a amada deixava sempre acesa em sua casa.

Numa noite de tempestade, a luz apagou-se. Leandro não encontrou o caminho para os braços da amada. Morreu afogado, coitado.

Ao saber da tragédia, Hero também atirou-se ao mar.

Foi ao encontro de Leandro. Sem direito a volta.

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ERRA UMA VEZ

Vênus, deusa da Beleza e do Amor, esposa de Vulcano.

Marte, deus da Guerra, desprovido de virtudes. Literalmente de morte.

O amor é batalha, com lances e estratégias de guerra: foi natural que deuses tão opostos se sentissem atraídos.

Por Marte, Vênus foi infiel. Do relacionamento, nasceu Cupido, vulgo Eros, e sua flecha apaixonada.

A deusa erra uma vez e a gente paga o pato: o estrago que Cupido provoca já estava feito.

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EROS UMA VEZ

Vênus, além de infiel, era obsessivamente vaidosa. Cismou com Psiquê, jovem lindíssima. Mandou que Cupido, seu filho, desse uma flechada erótica na moça. Cupido era obediente, mas não estava num bom dia: acertou a flechada em si próprio e caiu de amores por Psiquê.

Típico caso de feitiço que vira contra o feiticeiro.

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HERA UMA VEZ

Hera era Juno, deusa da família. E do ciúme. Casou-se com o irmão Zeus que, por sua vez, tinha um fraco por rabos de saia e gostava de dar suas escapadas.

Um dia, a tagarela ninfa Eco provocou a ira de Hera, ao tentar ocultar um caso de Zeus com uma ninfa. Descoberta a manobra, Hera lançou a Eco uma maldição. Condenou-a a nunca mais dizer nada, a não ser as últimas palavras que escutasse... que escutasse.

Mais ou menos como faz meu marido, quando finge prestar atenção no que eu falo... eu falo... eu falo.

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ECO UMA VEZ ( ou ERA UMA VOZ )

Eco vagou pelos bosques com sua triste sina... triste sina. Até que conheceu Narciso, jovem e belo caçador que achava feio o que não é espelho. Apaixonou-se perdidamente. Narciso, no entanto, não pôde lhe corresponder: já estava comprometido consigo próprio.

Triste pelo fracasso da conquista, Eco refugiou-se numa caverna até seu corpo dissolver... dissolver... dissolver.

Narciso também não foi feliz. Encantado pela própria imagem refletida num lago, transformou-se numa bela flor roxa que brota sobre o leito das águas.

Que dupla, meu Zeus!

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Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 16/07/2008
Reeditado em 16/07/2008
Código do texto: T1083587
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