A fé e a tempestade.
Noite de tempestade, ainda no período colonial. Um padre e um garotinho negro estão á luz de velas, ajoelhados, concentrados de olhos fechados rezando o terço. Enquanto isso fortes trovões estrondam do lado de fora.
__ Amém – O padre finaliza a oração.
__ Amém – O garotinho responde.
__ Boa noite Bento, agora vá menino, que amanhã a missa é cedinho, às sete.
O garotinho beija a mão do padre, faz o sinal da cruz e segurando uma das velas vai para o seu quarto.
Chegando ao quarto, o garotinho coloca a vela sobre o criado mudo e veste o camisolão. Deita na cama que fica perto da janela, por onde se vê os relâmpagos fagulhando o breu da noite. Um trovão retumbante assusta Bento, que abre a gavetinha do criado mudo, guarda o terço, pega um colar de contas vermelhas, segura bem forte contra seu peito e repete várias vezes:
__ “Kawô” meu pai Xangô . . . “Eparrê” minha mãe Yansã .
O garotinho sopra e apaga a vela. Adormecendo logo em seguida.