A vida de uma Rosa pessimista
Levantei-me sem entusiasmo e me vesti sem vontade.
Como de costume, fui até a porta buscar o jornal diário. Mas não só o jornal estava do lado de fora da casa. Havia uma caixa embrulhada de papel azul, mas sem fita e sem etiqueta.
Peguei a caixa encabulada, entusiasmada e levei para o meu quarto. Nos meus sentimentos, me escondi, trancando a porta e ligando o som.
Me deliciei abrindo a caixa e rasgando os embrulhos. Neste momento senti felicidade infantil. Momento curto, ínfimo, infinito, todavia. Sentei e senti, sorri e descobri aquele surpreendente e velho sentimento.
Tanto sentia e como um paradoxo refletia que acabei por concluir: Os seres dessa idade tão emotiva e fútil são mesmo pertencentes à classe. Ora! Até mesmo eu... Tão besta e o que tanto estou refletindo sobre um acontecimento sinistro que não deveria existir além de um engano de porta.
Mas as linhas estão se acabando e preciso contar o que havia na tal caixa.
Assim digo: Era uma rosa vermelha nova e perfumada. Tão sublime quanto a mensagem deixada na caixa: Da vida pra você!
Seria meu?
Se fosse de um homem para uma mulher, afirmaria que tenho inveja desta mulher. Mas concluí que era mesmo pra mim, afinal, as rosas murcham e morrem!