Turista de cemitério I (Conto minimalista)
Movido pela curiosidade, Tonhão passou a freqüentar assiduamente os cemitérios dos lugares por onde passava. Nas conversas que mantinha com os administradores, ele perguntava de tudo. Em um desses encontros, Tonhão disse a Alberto: - Ouvi dizer que não é bom fazer os sepultamentos com as cabeças dos defuntos dos corredores de cima viradas para as cabeças dos defuntos dos corredores de baixo. – E perguntou: - Isso é verdade ou é só crendice? – Alberto, com a calma de mais de 30 anos de experiência respondeu: - Tonhão... Até hoje, durante todo o tempo em que trabalho aqui, nenhum defunto reclamou.
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Obs.
Durante boa parte de minha infância morei bem ao do cemitério. Velórios, enterros, necrotério e tudo o que se relaciona a isso foi algo muito comum em minha vida de criança. Eu brincava dentro do cemitério e ouvi muitas histórias. Como músico, tive a oportunidade de tocar várias dezenas de vezes em sepultamentos de amigos. As histórias que tenho contado aqui não são novidades. Muitas até são consideradas causos do folclore e também lugar comum. A maioria dos casos que conto, ouvi de coveiros e pessoas que trabalham nesta difícil, mas tão necessária e nobre atividade profissional. Por isso, qualquer semelhança com outras histórias (creiam) é coincidência mesmo!