SONHOS DE MENINA
No interior, poucas coisas me faziam sorrir, embora o local fosse puro e natural, nada ou muito pouco me atraía. Gostava de colher frutas no alto das árvores, ver as galinhas e as angolas disputarem os grãos de milho no quintal, os porcos rolarem na lama, os patos e os marrecos nadarem no açude, os terneirinhos mamarem esfomeados e ouvir o canto de alguns pássaros.
Os meninos, os quais estudavam à tarde, iam ao campo ver se as ovelhas, as vacas e as éguas tinham tido bebês.
Enquanto não retornavam, embalava-me embaixo de uma majestosa figueira e, à medida que o balanço se movimentava, acreditava estar voando e cheia de poderes mágicos. Com os olhos fechados, via-me como uma fada. Feliz, repousava a cabeça no balanço e imaginava-me desvendando os mistérios que envolvem a postura dos seres humanos.