A Mochilinha do Ricky
Ricky, de seis anos, é um menino especial que carrega em sua pequena mochilinha um mundo inteirinho feito de sonhos. Ele guarda lá tudo o que ama: pequenos brinquedos, pedras que ele encontrou brilhando na rua, folhas com formas engraçadas, desenhos de lugares que só existem em sua imaginação e até alguns papéis amassados, que guardam histórias que ele inventa.
Ricky, com seus olhos que parecem guardar segredos, gosta de olhar para o céu, especialmente quando está encoberto, e dar risada do que não consegue ver. Ele acha graça naquilo que a maioria das pessoas considera chato ou monótono. Para ele, as nuvens são telas que derretem, prometendo aventuras que nunca serão reais, mas que, em seu coração, já são mais verdadeiras do que qualquer outra coisa.
No jardim da imaginação de Ricky, as flores têm cores que nenhum outro jardim tem – tons que só ele pode ver. Um lilás cintilante com uma pitada de azul que brilha como se tivesse saído direto de uma estrela, ou um verde que parece feito de folhas de caramelo. E, é claro, não poderia faltar o mar de rosas que ele desenha com lápis de cor: imperfeito, com uma rachadura bem no meio, por onde ele se imagina atravessando.
Ricky também tem amigos invisíveis, que sempre dizem “sim” para qualquer pergunta. Ele adora perguntar para eles se podem brincar mais um pouco, se podem inventar novos mundos, se podem voar até a lua. E eles, sorridentes, respondem sempre: "Sim, Ricky, podemos tudo!".
No silêncio de suas brincadeiras, Ricky se vê como um aventureiro, um viajante entre mundos. Ele finge que sabe quem ele é – um menino, como todos os outros –, mas, em seu coração, ele sente que é muito mais. Como todo mundo, Ricky também finge, mas, no fundo, ele sabe que é especial, e que seu mundo imaginário é um segredo guardado com carinho na sua mochilinha.
Assim como Ricky, assim como você, como eu e todo mundo, eu também finjo que sei quem eu sou.
Eu sei quem eu sou...