A ARVORE DE NATAL AZUL
O natal estava chegando, e Yasmim tinha um sonho.
— Mamãe, gostaria muito de ter uma grande árvore de natal que fosse azul.
— Azul, como assim? Disse sua mãe.
— Sim, mamãe, que brilhe, mas que o brilho seja azul, para que parece com as estrelas do céu.
A família era muito pobre e mal tinham o que comer.
Como sua mãe iria comprar uma árvore de natal tão grande, e ainda com luzes de cor azuis?
Enquanto a menina brincava, sua mãe fazia pipoca para vender e ajudar no sustento da casa, mas não esquecia do desejo da sua filha.
O que fazer para agradar o coração daquela criança de 6 anos que não entendia nada das dificuldades da vida!
Numa tarde, Dona Zezé voltava para casa empurrando seu carrinho de pipoca, triste, porque naquele dia não conseguiu vender quase nada.
Pensando ainda no desejo de sua filha teve uma ideia.
Chegou em casa, pegou um saquinho de gelatina azul de sabor tutti frutti, dissolveu o pó nas pipocas que não foram vendidas e deixou secar
Foi ao quintal, procurou um galho de árvore com bastante ramos, tirou as folhas e encapou cada ramo com papel alumínio.
Colocou em um vaso e pendurou todas pipocas com linha azul. Ficou lindo!
Guardou até a véspera de Natal.
Então, Dona Zezé chamou a menina e diz:
— Aqui está sua árvore de Natal azul, ela não é tão grande, mas se você pensar com o coração, ela poderá ser do tamanho que você quiser!
A menina deu um grito de alegria, e perguntou:
— Ela vai brilhar também se eu pensar com o coração?
— Sim, disse sua mãe.
Era véspera de Natal, e não tinha nenhum presente para Yasmim.
Dona Zezé estava pensativa na janela de sua casa, de repente ela percebe que tem um pacote no meio da rua. Os carros estão passando quase por cima daquele pacote.
— O que poderia ser aquilo? Vou pegar antes que alguém estrague, pensou ela.
Correu entre um carro e outro, pegou o pacote e percebe que é uma caixa com papel de presente.
Olha para um lado e para o outro, não vê ninguém na rua.
Fica uma hora esperando para ver se alguém volta procurando algo perdido, mas nada, ninguém aparece.
Então resolve abrir e ver o que é.
— Meu Deus! É a boneca que a Yasmim tanto pede!
Não, não posso dar, não é minha, alguém vai voltar buscar.
Guarda a boneca embaixo da cama e não diz nada para a menina.
Na hora do jantar Dona Zezé, faz um arroz e umas asinhas de frango fritas, bem torradinhas do jeito que sua filha gosta. E assim foi a ceia de Natal de mãe e filha.
A árvore estava coloca no canto da sala, e antes de ir dormir Yasmim olhou bem para ela e pensou:
— Eu não sei pensar com o coração, a minha árvore não brilhou...
Dona Zezé apagou as luzes e as duas foram dormir.
No meio da noite, Yasmim escutou um barulho na sala, era como tic tac de um grande relógio.
Pensou:
— O que será isso? Um grilo? Uma torneira pingando? Vou ver.
Mas quando chegou na porta da sala tomou um grande susto!
Sua árvore, estava toda iluminada, chegava até doer seus olhinhos!
Cada ponto, era uma estrela azul brilhante, e todas juntas pareciam um céu bordado de estrelas.
— Meu Deus, eu consegui pensar com o coração, eu consegui!
Yasmim, senta no chão perto da árvore e fica ali admirando por longo tempo até que cai no sono.
Na manhã seguinte, sua mãe acorda assustada, porque não viu a menina em sua cama, então corre e descobre que ela está dormindo perto da árvore, abraçada com a boneca que ela tanto queria.
A menina desperta, arregala os olhos e pergunta para sua mãe:
— Você viu mamãe, ela brilhou, você viu? E eu pensei com meu coração em ganhar esta boneca e ganhei!
Dona Zezé ficou emocionada, não podia entender como tudo aquilo aconteceu.
Mas Yasmim percebeu o espanto da sua mãe ao olhar para arvore e ver que nada tinha mudado, dá uma boa gargalhada e diz:
— Tudo bem, mamãe, só quem sabe pensar com o coração é que consegue ver!
Pensar com o coração faz a gente ver tudo mais bonito, tudo fica mais alegre.
E assim Yasmim teve o seu Natal mais feliz, sua árvore azul, e mais que tudo, aprendeu apensar com o coração!