O MENINO JUCA

Foi com os pais morar numa vila, todos eram de coração branca, apenas Juca tinha a pele escura e cabelos crespos, quando andava pelas ruas se sentia muito estranho, as outras crianças olhavam e riam dele chamando-o de encardido, Juca voltava para casa muito triste, não tinha amigos para brincar com suas bolinhas de gude.

No dia seguinte seria o seu primeiro dia de aula, se sentia envergonhado, ao entrar na sala foi se sentar na última fila, assim, não teria que ver os colegas rindo dele.

Com toda timidez foi perguntar à professora.

--Por que a minha cor é diferente de todos? Por que me chamam de encardido? Sabe professora, eu sou muito asseado, tomo banho duas vezes ao dia.

A professora se sentou ao lado do Juca. Com muita delicadeza segurou as suas mãos e disse:

- O amor não tem cor, nossa pele é apenas uma vestimenta que usamos para proteger o nosso corpo. O que importa é o amor que temos dentro do coração.

Vou conversar com seus colegas, ele irão entender que a diferença é que faz o mundo tão lindo.

Juca ficou mais confuso, voltou para casa pensando.

- Mas que cor deve ser o amor?

Será verde como as plantas.

Amarelo da cor do Sol,

Prateado como a Lua,

Ou azul da cor do céu.

Ao chegar em casa foi correndo falar com o pai, precisava entender ou ficaria com as ideias embaralhadas.

- Pai! Por que a nossa cor é diferente das outras pessoas da vila?

O pai pediu ao menino que se sentasse ao seu lado

- Somos todos filhos de Deus, não importa a cor da pele, importa é o que temos dentro da gente, um coração que bate trazendo o mais nobre dos sentimentos, sua cor se chama amor.

Juca ouvia tudo em silêncio, quando o pai terminou ele perguntou:

- A professora disse tudo isso, mas ninguém fala qual cor tem o indagado confuso.

- Filho! O amor tem a cor que a pessoa pinta, nesse momento ele tem a cor branca do amanhecer refletida pela luz do Sol, à noite, ele tem a cor escura para nos trazer paz e poder descansar.

- Eu não quero voltar para a escola, todos riram e me chamaram de encardido. Às lágrimas escorrendo no rosto triste do menino.

O pai com todo carinho lhe disse:

- O que fizeram com você é preconceito, não se sinta inferior, se orgulhe da sua cor e da sua educação, nosso mundo é feito de diferenças isso não é defeito.

Voltará a escola de cabeça erguida, pronto para dar a resposta que merecem.

Juca se sentia mais forte, seguiria os conselhos do seu pai. Ao entrar na escola um dos garotos gritou:.

- Chegou o negrinho, todos riram debochando dele.

Juca com atitude de respeito se levantou e perguntou:

- Alguém aqui gosta de chocolate, toma café, gosta de jabuticabas?

A turma respondeu em coro:

- Claro! São deliciosos, a vida não seria a mesma sem essas gostosuras.

- Já prestaram atenção nas cores? Todas são escuras, nem por isso deixam de serem tão apreciadas.

Todos ficaram boquiabertos. Juca continuo.

- Agora coloque a mão no peito, sinta as batidas do coração.Ele bate igualzinho, o nosso sangue é vermelho, o nossos sentimentos esse sim tem a cor do amor.

Os colegas se calaram, um olhava para o outro, enfim, entenderam que o amor não tem cor.

A partir daquele momento Juca se tornou o melhor amigo de todos os outros garotos, assim o menino fez entender que preconceito é não aceitar as diferenças, sejam Índio, branco, preto, independente da posição social, todos são iguais e merecem respeito.

Autoria Irá Rodrigues.