COITADO DO GALO

O velho galo Zé sentindo-se humilhado por ter sido derrotado por outro galo põe a viola no saco e parte para cantar em seu poleiro.

Triste e de cabeça baixa o galo chega aonde as galinhas e filhotes ciscavam nervosas a espera do senhor do terreiro.

O galo passou direto, pulou na cerca do curral, ficou a pensar que nada estava perdido, iria renovar o seu repertório e na próxima disputa ele venceria aquele galinho garnisé.

E assim o galo ensaiava todas as manhãs, dias depois, mal o Sol se rompe, começa a serenata da floresta, de todo canto chegavam galos com as suas violas, alguns cantavam roucos outros desafinados, deixando-o todo animado. Dessa vez sairia vencedor...

Zé pega a viola afina o bico e sai em direção ao concurso. Todo exibido começa a cantar, outra vez é vaiado por toda a bicharada. Novamente desclassificado sai decidido que um dia iria dar o troco e mostrar que ele tinha talento.

Colocando a mochila nas costas a viola nas asas ele some do terreiro sem dar satisfação. Passados alguns anos ele volta como maestro, muito mandão, pegou a viola engole gotas de orvalho afina o bico, num farfalhar de asas grita anunciando que a festa iria começar, dessa vez ninguém protesta, Zé cacareja quando outro galo descia do telhado bocejando, enquanto a galinha d’angola abre o gogó e gorjeia: Tô fraca.... Tô fraca....

Daquele dia em diante as festas eram comandadas pelo galo Zé sem protesto, sem vaia ou seriam todos expulsos do seu terreiro.

Autoria- Irá Rodrigues