O NAVIO NA FLORESTA

Era uma vez um menino chamado Cyprian Paticcaadia.

Em um dia ensolarado, como muitos outros daquele verão, Cyprian caminhava por uma praia da ilha Niccaadia, onde morava, quando ouviu o som da sirene de um navio se aproximando.

Sem saber o que estava acontecendo, Cyprian continuou andando por alguns minutos. Então, avistou ao longe um navio entre as árvores. “Certamente perdeu o rumo e encalhou”, concluiu Cyprian.

Sem hesitar, Cyprian se aproximou do navio e, ao chegar perto, ouviu alguém gritar: “Socorro, socorro, tem alguém aí fora?” Mesmo sem conhecer quem pedia socorro ou vê-la, Cyprian sentiu seu coração acelerar ao ouvir aqueles gritos. A convicção em seus olhos refletia o desejo de ajudar.

Espantado e sem saber exatamente o que fazer, Cyprian começou a compreender lentamente que o certo a ser feito seria ajudar todos a saírem do navio. Sem perder tempo e com muita determinação, ele afastou os galhos das árvores e abriu um caminho para todos saírem.

Antes mesmo que a primeira pessoa saísse do navio, Cyprian foi até o Capitão — um jovem marinheiro robusto que, anos mais tarde, se tornaria um pirata com um tampão preto sobre o olho esquerdo e um cachimbo apagado no canto da boca, navegando mundo afora em um barco adornado com bandeiras coloridas — e organizou com ele a fila de desembarque.

As primeiras a descer foram as mulheres com bebês de colo, seguidas das velhinhas e dos velhinhos, depois as crianças maiores e, por último, as mulheres e homens adultos.

Após todos saírem do navio, Cyprian ouviu algumas crianças reclamando de fome e sede, pedindo biscoitos recheados e refrigerantes e outros alimentos industrializados. Chateado, Cyprian explicou que ali perto, na floresta, só havia comida de verdade, como banana, laranja, mamão, leite e ovos, e na praia, água de coco.

Imediatamente, Cyprian distribuiu toda a comida que tinha para as mães alimentarem seus bebês: uma garrafinha com suco de cenoura e laranja, um sanduíche de pão caseiro com atum e alface, e duas fatias de bolo de banana com aveia. E ensinou a duas crianças mais velhas, Paulinho e Bruninha, onde seria fácil achar comida saudável, logo ali, bem pertinho.

Enquanto as crianças comiam, os adultos se organizavam para abrir caminho a qualquer custo para o navio poder partir. Percebendo essa situação, Cyprian impediu que cortassem as árvores e prometeu que o navio partiria com segurança assim que fosse reabastecido. Ele sabia que seus amigos elefantes-marinhos ajudariam.

Depois de coletar dinheiro de todos e se manter leal ao Capitão, Cyprian partiu para a cidade mais próxima para comprar suprimentos e combustível. No caminho, teve que atravessar rios e escalar montanhas, mas não desistiu. A vegetação densa tornava a jornada cansativa, mas Cyprian estava determinado a completar sua missão.

De volta, já com o navio abastecido, Cyprian e seus dois amigos elefantes-marinhos, com a ajuda da tripulação, conseguiram empurrá-lo de volta ao mar.

Sem que Cyprian percebesse, todos os passageiros e tripulantes se reuniram, ergueram as mãos e, em uma só voz, gritaram: “Viva Cyprian! Viva Cyprian! Viva!”

Cyprian e os elefantes-marinhos, com os olhos úmidos de tanta emoção, agradeceram e se despediam de todos.

Quando a noite começou a cair, Cyprian observou com alegria o navio seguir sua rota pelo mar, até desaparecer no horizonte.

Lysandra Verdanis
Enviado por J P Berlin Jr em 09/09/2024
Reeditado em 10/09/2024
Código do texto: T8147772
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