O casarão misterioso
Era uma vez uma menina chamada Ellara Ember.
Curiosa e cheia de energia, Ellara adorava explorar os distritos de Nexenna, a cidade onde sua tia Nyla Linnea, uma professora negra aposentada e gentil, vivia quando não estava vagando sem rumo pela densa e bela floresta da ilha.
Um dia, enquanto passeava pelas ruas de Coral Bay, Ellara avistou um casarão abandonado e se aproximou para examiná-lo. No portão de barras, ela notou as letras douradas “C” e “B”. Curiosa, decidiu investigar aquela casa de aparência fantasmagórica. Quem sabe não encontraria nela um tesouro!
Percebendo que a tarefa não seria fácil, Ellara chamou seus dois amigos da escola, que estavam passando as férias com ela na casa da tia Nyla, para ajudar: Mariya Khlara, uma garota linda, criativa e apaixonada pelas artes, e Luken Kaell, um garoto entusiasta da ciência da computação.
Juntos, os três amigos decidiram formar uma equipe e elaborar um plano para desvendar os segredos do casarão.
— Precisamos descobrir mais sobre essa casa. Que tal começarmos pelas bibliotecas e museus? Podemos encontrar algo sobre a história dela — sugeriu Mariya, olhando para o casarão.
— Boa ideia, Mariya. Vou procurar por registros antigos. Luken, você pode ajudar com isso? — perguntou Ellara.
— Claro, Ellara. Posso procurar na internet nos arquivos da prefeitura. Deve ter algo útil lá — respondeu Luken, animado.
Mas nenhum dos três sabia, nem remotamente, o que encontrariam naquele casarão.
Eis que, em uma noite chuvosa e fria, enquanto admirava pela janela de seu quarto as luzes da cidade, os relâmpagos e os sons dos trovões, Ellara teve uma intuição: aqueles sons poderiam revelar os segredos ocultos daquela cidade.
Na manhã seguinte, Ellara sugeriu aos dois amigos que explorassem arquivos sobre os sons da cidade durante as tempestades. Mesmo sem entenderem aonde Ellara queria chegar, Mariya e Luken concordaram em ajudá-la, porque sabiam que Ellara era séria e inteligente.
Lendo relatos antigos em jornais sobre os sons ouvidos em diferentes partes da cidade durante as tempestades, os três amigos descobriram, por puro acaso, um depoimento que indicava a localização exata da antiga biblioteca, a Rua das Bromélias, a mesma do casarão misterioso. Neste depoimento, mencionava-se que, durante chuvas fortes acompanhadas de relâmpagos e trovões, nada se ouvia naquele local.
— Isso é estranho. Por que não ouviríamos nada lá durante uma tempestade? — perguntou Luken.
— Vamos descobrir — respondeu Ellara, determinada.
Sem perder tempo, Ellara, Mariya e Luken se dirigiram até a tal biblioteca. Lá, encontraram um livro empoeirado e dentro dele, um texto escrito à mão pelo famoso arquiteto francês Jacques Lefèvre, cujo passatempo era escrever mensagens codificadas. O código era uma combinação de letras e números romanos, dispostos sobre partes específicas de um quadro de Leonardo da Vinci.
— Olhem isso — exclamou Mariya, mostrando o livro aos amigos — É uma mensagem cifrada.
— Deixe-me ver — disse Luken, analisando o texto. — Acho que consigo decifrá-lo.
Mariya e Luken conseguiram decodificá-lo. A mensagem indicava exatamente onde encontrar uma chave, com a inscrição “CB”, escondida há séculos.
— Vamos lá, pessoal — disse Ellara, empolgada. — Estamos perto de desvendar esse mistério.
Com a chave nas mãos, os três amigos atravessaram a rua e dirigiram-se ao casarão misterioso. O relógio da Matriz marcava 23h57min. O céu estava escuro e nem uma brisa se movia. A chuva batia forte nas janelas do casarão, que iluminado pelos flashes dos relâmpagos, parecia ainda mais assustador.
— Estão prontos? — perguntou Ellara, olhando para os amigos.
— Sim. Estamos — responderam Mariya e Luken.
Quando abriram a porta, ficaram espantados ao encontrar um antigo observatório astronômico com um majestoso telescópio, uma máquina do tempo, um laboratório de um alquimista teimoso e uma sala de espelhos mágicos. Atrás do casarão, encontraram um jardim secreto repleto de plantas exóticas.
— Isso é incrível — exclamou Mariya, maravilhada.
— Quem diria que encontraríamos tudo isso aqui — disse Luken, ainda mais surpreso.
Ao final dessa aventura, Ellara aprendeu que o verdadeiro tesouro não era o observatório ou o jardim secreto, mas a amizade fortalecida entre eles e a percepção de que sua curiosidade podia levar a revelações surpreendentes, como a chave “CB” do “Château das Bromélias”, antiga residência do apavorante e misterioso Barão Olivier La Fleur.