O MENINO E O MAR

Mês de julho, férias escolares, Jean Benício, 5 aninhos, tinha um lindo sonho; conhecer o Mar. Mas na sua cabecinha precisava de grana para ajudar os papais, daí a ideia dele de juntar suas moedas, num cofrinho de barro com formato de porquinho, cada moedinha guardada com muito cuidado para  gastar na praia, pensava ele, não dava e nem emprestava a ninguém. Na sua inocência acreditava que suas pratinhas  ajudariam a realizar o seu tão almejado desejo: a viagem a Fortaleza, capital do Ceará. Dormia e acordava ansioso para a tão sonhada aventura, contava os dias nos dedos. Finalmente, o grande dia chegou, seus papais resolveram levá-lo  para a grande viagem. cofrinho quebrado, pratinhas no bolso e lá vai Jean Benício com sua vovó Fatinha e seus papais para o seu sonho encantado. Partiu... estrada longa, alguns atalhos, parada para o café, para o almoço, descidas para o xixi. O carro veloz na estrada, seguia, nem um cochilo sequer, precisava ficar atento a distância, a quilometragem. – “Mãe, falta quanto tempo, ainda, para chegar”? A Mãe, respondia: “falta muito, 400 km para a nossa chegada”. E assim, a ansiedade foi até o destino. Depois, de um longo percurso, entrou na metrópole, mas ainda, faltava um tempinho. De repente, a vovó Fatinha olhou para o céu, ao seu lado direito, estava ela: A Lua, com sua beleza e luminosidade. – olha a lua, Jean Benício!? Tá vendo? Ela veio nos acompanhar, tão linda! – “é a Lua cheia né, vovó Fatinha”? Perguntou Jean Benício... – “Não, é a Lua quarto crescente, falta um pedacinho, você está vendo”? Falou a vovó Fatinha : “ela está nos seguindo, ensinando o caminho, que coisa mais deslumbrante, eu amo a lua, completou. Na avenida, o carro agora ia devagar, o trânsito um tanto lento, logo, chegou na próxima mudança de faixa para a descida, triunfante, do apartamento, emprestado pelo primo de Jean Benício, que já tinha passado por ali, no quinto mês gestação de sua mamãe, mas não lembrava. De repente, de longe, o mar. “Olha, o mar, Jean Benício, que espetáculo!” gritou a vovó Fatinha. E pela janela do carro, Jean Benício, falou eufórico e feliz: “que lindo! é o mar, que imensidão, é todo azul, o mar flui, as águas estão fluindo, pensei que eram paradas”. Rápido! “Quero olhar o mar de perto, quero sempre ver o mar, não me canso de ver o mar”, repetia sempre. Logo, chega-se no apartamento, do lindo e maravilhoso lugar, uma sacada para o céu, uma sacada para o mar, uma olhada para a estonteante Lua, que em meio ao escaldante sol, ainda, estava lá, dando Boas-vindas. Bagagem colocada nos devidos lugares, lanche feito, e uma pequena pausa para o sol descansar, para o vento e a brisa chegarem. À tardinha, Jean Benício, acompanhado da vovó Fatinha, dos papais, dos tios e dos primos: Arthur e Isabelle, que acabavam de chegar, foi conhecer de pertinho o Mar, até então, visto pela TV, nos seus filmes infantis. Muito ansioso, tocou na areia seca, nos grãos molhados, leve e pausadamente, colocou os pés na água, o sorriso aberto, alegria com o vai-e-vem das ondas, sonoras e calmas. Não sabia, o que fazer primeiro. Numa conversinha animada com a priminha Isabelle arquiteta as brincadeiras. À noite chegou, Jean Benício, eletrificado pela magia do Mar, demorou a pegar no sono, num longo papo com a sua vovó Fatinha, mas de instante e instante, abria a cortina para ter certeza que o mar estava logo à frente, mesmo no escuro, dava para ver e sentir. Na manhã seguinte, bem cedinho, abriu novamente a cortina, “hoje o dia vai ser muito legal”, murmurou. E assim, foram três longos dias na beira-mar; fotografias, cada movimento um click, com os pais, com a vovó Fatinha, com os tios e primos Arthur e Isabelle. Piscina formada pela maré, castelos de areia, cobrir-se com areia molhada, caminhada longa na beira do mar, pular ondas, pegar búzios, para presentear a tia, ver o pôr do sol, o barulhinho da maré no anoitecer e olhar o deslumbre da lua num céu abrilhantado de milhares de estrelas. E assim, realizado, Jean Benício, se despediu do Mar, prometeu diante da lua, que iria comprar outro cofrinho, guardar novas moedinhas, para ajudar os papais  e nas próximas férias retornar para ver, outra vez, a imensidão do mar.