A FORMIGA LILI

 

Lili, a formiguinha ruiva e feliz, vivia na mata, debaixo de um pé de jatobá, no ninho habitado por milhares de outras formigas, bem pertinho de um bonito roseiral. Trabalhava o dia todo, carregando alimentos e água para a sua moradia. Próximo, no alto do tronco de uma gigante Aroeira, vivia o Bicho Preguiça, enorme e cabeludo, passava a maioria do tempo grudado na árvore e dormindo, se locomovia muito lentamente, quase não pisava no chão, se alimentava de folhas novas e mastigava com os lábios que eram muito duros. Lili ficava incomodada, como um animal tão grande não trabalhava e parecia viver cansado, só dormia, enquanto ela passava o tempo todo trabalhando, cuidava da formiga rainha, da limpeza do formigueiro e da alimentação, entre outros afazeres. Enquanto isso, o Bicho Preguiça vendo Lili na labuta pensou: “tadinha da formiguinha! tão pequenininha, esperta, corajosa e valente, e eu, desse tamanho, só como e durmo para não gastar minhas poucas energias”. Lili, num vai e vem, carregava folhinhas verdes e secas que encontrava pelo chão, pétalas de rosas silvestres numa fileira interminável com outras coleguinhas. No caminho, encontrava a Centopeia com inúmeros pezinhos, eram tantos, que não conseguia contá-los, seguia devagar em busca de sua sobrevivência, comia insetos maiores, morava sob pedras, folhas, cascas e em outros locais seguros para ela. Indignada, Lili refletia: “tantos pés e caminha tão devagar, já eu tenho apenas seis pezinhos, ando rápido, só paro no instante de comer, dou pequenos cochilos e vou à luta”. Adiante, Lili encontra a Minhoca, trabalhando, arando a terra para facilitar a entrada de água e raízes. Lili, refletiu: “mesmo não mostrando trabalho, ela mexe e se remexe, fofando a terra, come folhas secas,  restos de frutas, cascalhos de troncos, dentre outros alimentos, próximo do seu lar”. A Minhoca possui cinco coraçõezinhos, não tem pernas e olhos, diferente do Bicho Preguiça, que tem pernas grossas, olhos grandes e arregalados. E assim, Lili na sua jornada diária encontrava diversos animais e insetos; o Grilo azucrinando o seu juízo com sua gritaria, o Calango balançando a cabeça para cumprimentá-la, o Maribondo apressado levando barro para fazer a sua casinha, a Abelha voava por entre  as flores do maracujá, a Cigarra num barulho infernal, o periquito gritando sem parar, dentre muitos outros. Lili se achava diferente de todos, pela força que possuía e pela rapidez com que trabalhava. Adorava pisar no barro molhado, olhar a orquídea desabrochar, ouvir o canto do Passarinho, ver o apaixonado Beija-flor e a linda Borboleta sobrevoar. Tudo isso, a fazia refletir, sobre a essência de cada um na natureza, deixando-a pensativa e ao mesmo tempo contente por fazer parte do grandioso mundo encantado do matagal.

 

Maria de Fátima Fontenele Lopes