Pétala de Nenúfar.

Era um sitio onde os animaizinhos falavam,

não como habitualmente nós ouvimos, falavam mesmo.

E uma família de rãs passavam os dias a coaxar, de felizes que eram,

lá no ribeirinho onde moravam.

A agua corria cristalina e transparente, gelada,

os dias eram sempre iguais, o objetivo dos papas rãs,

era o de comer a maior quantidade de mosquitos e

parte do tempo ensinavam os truques e perigos aos pequenotes razinhos.

Estes eram tao pequeninos que se empoleiravam em cima de uma folha que

flutuasse na corrente da água e lá iam até á próxima curva do ribeiro.

Não passavam daí, pois não sabiam o que poderia estar por lá.

Tudo era fantástico, até que um dia;

- Venham razinhos, está chovendo muito e o rio vai transbordar.

Gritou a mama rã para os traquinas que saltitavam de folha em folha ignorando o

perigo que se aproximava.

Todos pularam para a margem vendo o nível da água a subir abruptamente.

-Mas...falta a Chuchinha. Gritou um deles. Certo não ouviu a mama, vamos chama-la.

Mas era tarde demais, A agua transbordava e o que antes era um riacho calmo se transformou

em uma catarata de rodopios, a água galopava entre os penedos.

E a Chuchinha ??, todos chamavam mas o ruído da corrente absorvia seus chamados.

A pequenita saltou e saltou mas de nada lhe valeu, foi levada na corrente, caiu em várias cascatas,

e passadas muitas curvas do rio ela se achou no estuário daquele agora grande rio.

Viu grandes barcos e pescadores.

- Podem me dizer onde estou?? estou perdida , minha família ficou bem lá em cima na montanha

e não sei como retornar.

Os passarinhos , que habitualmente comiam os pequenos bicharocos, tiveram pena da rãzinha,

e se perguntaram como a ajudar.

O corvo não estava para ajustes ou ajudas , tentou várias vezes descer e abocanhar a rãzinha mas

os outros não o permitiram.

Seus pais pensaram em um deles se fazer ao rio e buscar a sua Chuchinha,

mas não sabiam se a encontrariam e desistiram de sua busca.

A pequenina rã de exausta que estava se agarrou a um nenúfar e descansava.

A flor viu que a rãzinha não teria hipóteses de sobreviver muito tempo naquele sitio.

O que fazer??' falaram entre si os nenúfares.

Estava a se levantar um grande vendaval, uma nortada , como se diz, aí o nenúfar pai teve uma ideia genial.

-Vamos colocar a bichinha numa de nossas pétalas e deixar que o vento

a levante , com sorte irá ter perto de seus pais lá em cima na montanha.

E assim foi, a rãzinha nem deu por tal de tao cansada que estava, escolheram uma grande pétala das ultimas flores que

floresceram , foi rodopiando para o meio do rio onde o vendo soprava mais.

E lá foram, veio uma rajada de vento, levantou a pétala e sua viajante e subiu num

grande rodopio, o vento levantou os dois tao alto que os nenúfares lá em baixo

acharam que tinha sido uma catastrófica ideia.

Mas a ideia se tornou uma solução.

Voou e voou e ao fim de uma horas, a pétala aterrizou no riacho onde a rãzinha habitava.

O vento amainara e o nível de água tinha baixado. Os seus irmãos e papas não coaxavam de tristeza.

-Olhem -gritou o par de cucos que viviam no pinheiro sobranceiro ao riacho. A rãzinha está na pétala do nenúfar.

Todos não queriam acreditar , a sua chuchinha ali estava exausta e desorientada, pois o vento tinha sido tanto que a pétala rodopiou centenas de vezes para vencer a gravidade e sobrevoar aquela distancia.

Mas era verdade, ainda estava tonta de tando rodar, mas saltou para uma pedra ali e esperou o saltitar de seus irmãos,

que se apressaram a abraçar a sua maminha, tinha voltado. Seus pais a alimentaram com umas mosquinhas que

por ali andavam.

A coitada da pétala morreu, cumprira sua missão. Todos os bichinhos lá do sitio reconheceram

que foi um ato de coragem , pegaram na pétala e a fizeram navegar rio abaixo ao encontro de seus.

A família de rãs agora felizes fizeram um coro de coaxar para celebrar a vinda da chuchinha.

E naquele amanhecer ouviu-se um chilrear de toda a passarada ali do sitio .

Tudo estava normalizado , a aventura tinha acabado bem.

O dia a dia deles agora era saltar e saltar e apanhar uns mosquitos por ali. E coaxar o tempo todo.