UMA QUESTÃO DE AMOR
Narrado por Marly Mendes
Quando eu soube que minha filha estava grávida, pulei de alegria, mas ao mesmo tempo fiquei triste pois ela já havia me dado uma linda neta que já tinha dezessete anos de idade.
A espera pelo novo neto foi angustiante porque a gravidez foi um pouco complicada, mas Deus me ouviu e fez tudo se sair bem.
Matheus veio ao mundo cheio de saúde, felicidade e beleza. Foi o bebê mais bonito que já vi no mundo. Minha tristeza era a diferença de idade entre os dois irmãos. Voltei a conversar com Deus; pedi a Ele que nos desse muitos anos de vida para ver o Tetê (apelido carinhoso que dei a ele) crescer saudável, poder passear no parque e, dentro de casa brincar muito de esconde-esconde comigo.
Tetê nasceu na maternidade do hospital Santa Marcelina.
Toda semana eu ia à casa dele para ver ele crescer . Assim o tempo foi passando, Tetê foi crescendo ainda mais bonito e ficou balbuciando meu nome até dar um grito me chamando de May. Fiquei com uma imensa alegria. Meu nome passou a ser chamado de May. Adorei.
Tetê começou a andar e aos dois anos de idade ele costumava ficar de pé sobre um banquinho na janela da casa à espera do pai chegar do trabalho. De lá só saia quando o pai chegava. Certo dia fui visitá-lo e quando me despedi para ir embora ele subiu no banquinho da janela e gritou em alta voz, assim dizendo:
- Vai com Deus May!
Emocionada chorei ao ouvir palavras tão lindas ditas por uma criança de dois anos. Voltei chorando e o abracei. Senti vontade de não mais deixá-lo.
O tempo passou e eles vieram morar comigo. Foi a maior felicidade que tive naquele tempo de convivência bem perto de Tetê.
Voltei a ser criança com as brincadeiras, com as historinhas para fazê-lo dormir e com os desenhos animados da tv.
Fazia muitos anos que eu não me sentia tal qual uma criança, mas foi o meu netinho Tetê quem me regrediu na minha idade de avó e me fez ser igual a ele.
Certo dia ele foi embora pra bem longe e deixou meu coração entristecido de tanta saudade.
Mas quando aqui ele aparece nós brincamos de esconde - esconde.