Chapeuzinho de palha

Peça de Teatro adaptação de Chapeuzinho Vermelho para a versão nordestina de

Chapeuzinho de Palha

Locutor - essa é uma estória nordestina, de sertanejos comuns de pé de serra. Já adianto a vocês, como todas as outras estórias também começa com "Era uma vez...

Uma menina que morava com sua mãe e seu irmãozinho, bem na tromba do elefante no alto sertão potiguar, num lugarzinho aos pés de uma serra lajeada, nominada Serra Barriguda, a cidade Alexandria, esse era seu lar.

Surge uma menina montando uma amarelinha e brincando interagindo com as pessoas.

- um, dois, eu vou depois,

Três, quatro, peguei um pato,

Cinco, seis, vi chinês,

Sete, oito, peguei o rabo do porco,

Nove, dez, quero filés.

Para no céu.

-Nossa... como é difícil chegar no céu! Mas consegui (comemorando)...canta "desenrola, bate, joga de ladinho".

Mãe – onde tá essa menina?(procurando poe as mãos na cinura) Ah, deve tá lá no terreiro brincando.

– tu tá aí menina , vem cá logo!

Menina – ah, mãe estou brincando (fazendo cara de birra)

Mãe – venha logo! Oxe, tô chamando!

A menina vai ao encontro da mãe de cabeça baixa.

Menina – Sim senhora!

Mãe - Leve isso para sua avó. E vá agora enquanto o sol tá alto pra poder voltar cedo. Ocê sabe que é meio longe lá no pé da Serra Barriguda.

Menina – E o que tem ai dentro? ( tenta olhar dentro da sacola)

Mae – (fechando bem rápido a sacola) o que tem aqui não é coisa de criança, é só pra sua avó, que ela tá meio adoentada.

- se avexe, bota esse chapéu aqui que o sol tá muito quente.

-Oummm ... tão linda da mãe... vou botar logo teu apelido Chapeuzinho de Palha.

(O chapéu é bem pequeno mal cabe na cabeça da menina)

Menina – (faz cara engraçada)

-Mãe, a senhora não acha que esse chapéu tá muito grande, se de uma ventania ele voa longe.

-vou indo então, até mãe. (Saindo)

Mãe - (grita) vá pela vereda, tenha cuidado de xique-xique... não de trela pra gente estranha.

Menina- tá certo mãe vou num pé e volto no outro.

Mãe-(resmunga arrumando a mesa) quero só vê do jeito que é vagarosa vai chegar la no Natal e vai voltar no ano novo.

Irmão – Mãe, mãe...chico disse que azulão saiu desgarrado lá pras banda da serra barriguda, e disse mais ele tá tão brabo que tá soltando fogo pelas ventas.

Mae - (preocupada com as mãos na cabeça) Ah, minha nossa senhora, Chapeuzinho de palha foi pra aquelas bandas agora, e ela tem muito medo de boi brabo, o meu Jesus proteja essa menina(acende uma vela). Vamos picote atras de Tião Vaqueiro.

Menina – cantando, caminhando e dançando um xote.

Música

No sertão a fora eu vou tranquilinha

Levar essa sacola para a vovozinha

no caminho sigo e não tenho medo

pois sua casinha fica no rochedo

Saio da vereda procurando as florzinhas

e nada me acontece pois sou boazinha

mas se no caminho encontro o boi brabo

dou-lhe um pisão de arrancar o rabo

Menina- aí to tão cansada...(ela começa a contar os passos) um, dois, três, 25, 40, mil, um milhão,( vai distraída caminhando)

Eis que surge o boi brabo, passando por ela de vagar em galope, olha ela, olha novamente, faz cara de interessado olhando bem pra sacola, pensando ter algo gostoso.

Boi - oi, garotinha! Onde está indo menininha do chapeuzinho pequeno de palha, (olhando bem diferente pra ela curioso e cômico)

Menina - pensa... você é muito estranho...não posso me empalhar, tenho pressa de chegar.

Boi – chegar onde ? quer uma florzinha? Essa é boa noite/bom dia, bem me quer mal, me quer...qué?

Menina – (estranha o presente) oxe!

Boi – ou você quer a flor mais linda, tira um girassol do lado...

Menina – que linda, pegando a flor, e uma flor norme. vou aproveitar e dar de presente para minha vovozinha pra ela melhorar.

- Já que você é tão legal eu conto, to indo na casa da vovozinha, levar essa sacolinha, mas é muito longe, lá no pé da serra barriguda, cê sabe onde é? Pra lá ó... e já estou ficando cansada.

Boi - vai levando surpresinhas... deixa eu ver(ummmm)

Menina – não, mamãe falou que é so pra vovozinha.

(o poi pensa sua trama) se afasta da.menina

Boi - Ahhh, tive uma ideia porque vc não vai por esse caminho aqui, dá beira do riacho, assim voce chegará mais rápido!

Menina – que bom que encontrei alguém que conhece bem esses caminhos. Obrigada pela dica.

O boi então engana chapeuzinho de palha e vai correndo rápido para a casa no pé da serra barriguda.

A vovozinha varre destraida o terreiro da casa.

Boi- pi nem doente os vei se aquieta.

Vovó-(quando de repente ela levanta a vista) valha meu padim, padim ciço, o que vem lá (poe o óculos) vixe tem inte fumaça nas ventas... valha me Deus, acuda que é o boi brabo!!!

Larga a vassoura e sai correndo.

O boi então se disfarça, poe apetrechos pra ficar parecendo uma vovozinha, e fica na porta.

Chapeuzinho de palha vem chegando alegre

Menina – Olá vovozinha, sua benção, que bom que cheguei!

Boi – deus te abencoi menina, ouuu, minha netinha (afinando a voz)

Menina - vovo a senhora tá tão acabadinha... tome essa florzinha!

Boi – o que trouxe pra mim na sacolinha... bolo, doce, paçoquinha?

Menina – eitha, vovo, a senhora advinha?! Não sei mamãe mandou pra senhorinha, ela me disse que tá doentinha, mas nem parece tá tão coradinha.

Boi – (pega a sacola) me de cá vamos ver....

Flor de alfazema braba, lambedor de 7 raiz, oléo de coco e banha de galimha pra desentupir nariz ... (vai ficando bravo)... mas cade as gostosuras...

Menina – (olhando serio) vovo melhore, né seu aniversário não, (observando) só um minuto... vovó, cade seus dentes?, vovo pq suas mãos são cotó? Vovo seus olhos estao tao miudinhos, vovo o que isso na sua cabeça tão pontudo...?...

Eu to te conhecendo pela fumaça pelo nariz, é o boi brabo....

Menina sai correndo.

Boi - tudo isso pra nada

Corre atrás dela.

Chega a mae a avo e o irmão com o vaqueiro valente.

Vô- vai tiao vaqueiro, se avexe pegue esse bicho antes de um rebuliço!

Mãe- corre pra cá chapeuzinho de palha

Vaqueiro- arma o laço apoiando uma canção.

O boi vai se acalmando e cai no laço, e fica manso e todos se aproximam e acariciam boi que ganha um presente e abre um sorriso

Boi- pra que valentia, se tô no paraíso.

Locutor- Depois de todo o acontecido, tudo foi resolvido e como estão todos alegres vamos encerrando essa história pois é chegada a encerrante hora do Fim.