A ovelhinha

Era uma vez, em um tempo muito distante, uma fazenda que ficava no alto de uma montanha, bem perto do Sol. Naquele lugar nunca fazia frio, era tudo cheio de luz, os campos estavam sempre floridos, haviam muitos bichinhos e as crianças cantavam e dançavam o dia todo. O ar tinha cheiro de doce e as nuvens estavam tão perto que era quase possível colocar a mão quando passavam.

Nessa fazenda, havia um pastor - o dono de tudo, que cuidava dos bichinhos e mantinha tudo em ordem. Esse pastor gostava muito, mais que de tudo o que havia lá, de suas ovelhas. No total, eram cem ovelhinhas brancas, macias, bem cuidadas, que viviam nos pastos com comida à vontade e que andavam sempre juntas. Nenhuma ovelhinha andava sozinha, passava fome ou sentia frio.

Até que, em um belo dia de Sol, uma das ovelhinhas decidiu que iria fugir. Ela havia começado a pensar assim: "aqui em cima, eu tenho noventa e nove irmãs com quem preciso dividir tudo... e o pastor não para de me olhar... sem contar essas crianças que cantam a dançam o dia todo... eu quero ver como é ficar sozinha e fazer tudo por mim mesma". O problema é que aquela ovelhinha nunca havia descido da montanha e não sabia fazer nada sozinha. Mas ela queria tanto, mas tanto saber o que tinha lá embaixo e como o mundo funcionava, que decidiu fugir.

Na noite daquele dia, a ovelhinha esperou que todos adormecessem e saiu da fazenda, descendo a montanha enquanto tropeçava nas pedras e por não estar vendo o caminho, acabou caindo e se machucando toda. Mesmo assim, decidiu continuar descendo. Depois de muito tempo andando, percebeu que o dia nunca saia e o Sol não nunca aparecia. Começou a sentir muito medo, suas patinhas doíam e sentia muito frio também... E não conseguia saber qual era o caminho de volta.

Então, a ovelhinha deitou-se, já aos pés da montanha, fechou os olhinhos e chorou. Chorou de medo, de saudade de casa, de desespero e de achar que nunca mais voltaria para a fazenda.

Enquanto isso, lá em cima, na montanha, o pastor percebeu que uma das ovelhinhas estava faltando. Ele, as crianças e as outras ovelhas procuraram por ela em todos os lugares... Até perceberam que ela havia ido embora. Muito tristes, choraram por ela. O pastor, então, decidiu descer a montanha e procurá-la.

A descida da montanha era escura e perigosa - e para ir, ele precisaria deixar as outras noventa e nove ovelhas, a música, as crianças e todo aquele lugar bonito, que ele havia construído e que amava muito, para trás. Mesmo assim, o pastor desceu.

Como ele já conhecia o caminho, seus pés não se machucaram e ele sabia como enxergar no escuro. Depois de algum tempo de viagem, encontrou a ovelhinha perdida: mas ela estava tão fraquinha que não conseguia mais andar para subir a montanha. O pastor, então, com todo cuidado e carinho, colocou-a nos ombros e subiu de volta até a fazenda.

Chegando lá, cuidou de seus machucados, lhe deu comida e colocou-a de volta com as irmãs. As crianças, felizes, vieram abraçá-la e ajudar a cuidar dela. A ovelhinha, porém, estava com medo de todos brigarem com ela por ter fugido e que a colocassem para fora da fazenda de novo.

Sabendo disto, o pastor disseque, mesmo que ela fizesse a coisa mais feia do Universo, ele ainda iria estar ali para cuidar dela - porque a amava. Foi o amor que fez com que ele fosse procurá-la e também por amor, ele nunca havia deixado que ela descesse a montanha sozinha. Ela não precisava ter se machucado tanto ou chorado tanto para saber disso.

A ovelhinha, então, abraçou seu pastor e permaneceu morando ali, com suas irmãs e as crianças.

E foi feliz para sempre.

Camila Amizadai
Enviado por Camila Amizadai em 05/09/2021
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