A minha cacimbinha
Na infância havia uma cacimbinha perto da minha casa. Era de lá que a gente tirava água pra lavar a louça, a roupa, a casa e tomar um banho gostoso. Todo mundo carregava água da cacimbinha, inclusive eu aos sete anos de idade. A minha latinha d'água era bem pequenina porque meninas não têm força, diziam as minhas primas maiores do que eu. Lembro como se fosse hoje eu apertando a latinha contra meu peito com todo cuidado do mundo pra água não derramar. Era perto da minha casa a cacimbinha, mas meus passinhos suaves e cuidadosos deixavam o caminho mais longo. Com os cabelos e vestido molhados, pezinhos num chinelo velhinho eu carregava a minha latinha com a água bailando lá dentro. "Vai derramar, Lange. Acuda eu." Pedia desesperada à minha prima que ajeitava a latinha nas minhas mãos e dizia "segure direitinho, Danda." Quando finalmente chegava em casa, toda orgulhosa derramava a água da lata, pela metade, na jarrinha de barro bem devagar. Depois, corria pro colo da minha bisavó.
Na infância havia uma cacimbinha perto da minha casa. Era de lá que a gente tirava água pra lavar a louça, a roupa, a casa e tomar um banho gostoso. Todo mundo carregava água da cacimbinha, inclusive eu aos sete anos de idade. A minha latinha d'água era bem pequenina porque meninas não têm força, diziam as minhas primas maiores do que eu. Lembro como se fosse hoje eu apertando a latinha contra meu peito com todo cuidado do mundo pra água não derramar. Era perto da minha casa a cacimbinha, mas meus passinhos suaves e cuidadosos deixavam o caminho mais longo. Com os cabelos e vestido molhados, pezinhos num chinelo velhinho eu carregava a minha latinha com a água bailando lá dentro. "Vai derramar, Lange. Acuda eu." Pedia desesperada à minha prima que ajeitava a latinha nas minhas mãos e dizia "segure direitinho, Danda." Quando finalmente chegava em casa, toda orgulhosa derramava a água da lata, pela metade, na jarrinha de barro bem devagar. Depois, corria pro colo da minha bisavó.