Consequências

Nossa mãe sempre nos avisava: “não sigam pela floresta escura ou vocês arcarão com as consequências”. Todavia, num dia desses, resolvemos não dar muita bola para isso e adentramos o “temido” lugar.

Eu tinha meus 13 anos e minha irmãzinha Jade, 11. Não nos dávamos muito bem, mas para aprontar éramos uma dupla e tanto! Depois da escola, resolvemos voltar pelo caminho escuro com árvores, do qual a mamãe tanto falava, para ver o que encontraríamos ali.

Eu vinha na frente com meu estilingue; e ela estava encolhida, e curiosa, atrás. A cada esvoaçar de árvores, ela apertava a barra da minha camisa e eu sentia um frio na barriga com sequências de calafrios.

Durante nossos primeiros passos, nada de anormal. Até que assobios e piados nos fizeram apertar o passo – por mais que soubéssemos que não passavam de pássaros a fazer seus comuns gracejos.

Passado algum tempo, parecia que andávamos em círculos e eu não conseguia encontrar a saída daquele lugar. Já escurecia e minha visão piorava, ao passo que não podia contar com este sentido da minha irmã "quatro olhos"...

Quando finalmente avistei o terreno de nosso vizinho no horizonte, puxei o braço da Jade e não nos fizemos de rogados! Demos um pinote ímpar que nos fez sair daquele matagal sem fim!

Quase às dez, conseguimos bater na porta de casa e nossa mãe nos recebeu por entre olhos, perguntando o que fazíamos na rua até aquela hora. Entre lorotas e palavras esfarrapadas nossas, nossa mãe contou-nos que também já tinha feito aquilo de ir à floresta escura, quando mais moça, mas tornou a repetir aquelas “velhas palavras” de sempre.

Falamos para ela que não tínhamos sofrido nada de mais e tínhamos passados ilesos por aquela “provação”. Ela refutou dizendo que aquele era um ledo engano nosso e que na janta daquele dia ela tinha feito o bife com batata-frita que tanto gostávamo. Sim, ela tinha comido tudo. Para nós, nesse dia de descobertas, ficou a lição: arcamos com as consequências de nossos atos...