O caderno

Eu sempre fui uma observadora do comportamento humano, desde criança nunca me conformei em ver o mal prevalecer sobre o bem e sempre me perguntava por quê as pessoas mentiam e eu não?

Nasci no Acupe de Brotas aqui em Salvador e depois por passar por mais dois bairros em seis meses, montamos a nossa "barraca" na Liberdade, mais precisamente no Curuzu.

Sempre fui de fazer muitos amigos sem distinção, morava no número 25, e mais pra cima, tinha uma venda de Seu Rosalvo que era um militar já da reserva, esse senhor tinha vários filhos de todas as idades as mais interessantes eram as duas gêmeas idênticas que se chamavam Ester Raquel e Raquel Ester a gente brincava muito!

Mas de vez em quando, ao não encontrar itens de compra na venda de Seu Juarez que ficava em frente a casa que morava, subia a rua e comprava em Seu Rosalvo.

Numa dessas idas eu o encontrei com um caderno na mão olhando página por página, estava tão distraído na sua leitura que nem me havia visto.

Quando me viu fechou o caderno e colocou sobre o balcão fiz o pedido do que queria comprar e ele se afastou pra pegar o que pedi e foi ai que eu passei a vista no tal caderno, nele estava escrito, em letras de imprensa: Caderno dos que deve não pagam e ainda fica de mal.

Ele retornou paguei o pedido afinal de contas meus pais nunca gostaram do tal fiado.

Saí dali refletindo meu Deus! Existem pessoas que compram não pagam e mesmo devendo ficam de mal com a pessoa que os vendeu, comecei a me dá conta da podridão do ser humano.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 04/01/2021
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