Maquinações de Maki
Maki é um lêmur de 21 anos, já ancião para a sua espécie, residente no zoológico de São Francisco, EUA. Os lêmures, aparentados aos macacos, e, por tabela não-bíblica, aos humanos, são endêmicos da ilha de Madagascar e de umas pequenas ilhas circunvizinhas. Fazem parte de um grupo ampliado de diversas espécies e sub-espécies.
No caso específico de Maki, a característica mais imponente é a peluda cauda, de aneis alvinegros, o que indica a possibilidade de Botafogo, Atlético Mineiro e Corínthians serem vistos com simpatia se pintarem por aquelas bandas do oceano Índico...Comum a todos eles é o fato de cultivarem a irresistível arma da catinga para se imporem hierarquicamente em seus grupos familiares.
O bônus com que Maki, já bem americanizado, não contava, era conseguir um saidão, ou uma saidinha que fosse, de sua jaula, pra conhecer melhor a famosa cidade que o acolheu que, entre as suas extraordinárias belezas tem a famosa ponte Golden-Gate, a Chinatown mais tradicional da América, e o Consulado-Geral do Brasil, onde poderia, eventualmente, tentar um pedido de asilo, ciente de que a nossa cobertura vegetal equatorial é a maior do mundo e que nem o fogo dos caboclos e dos índios é capaz de a destruir.
E justamente por meio de um desajustado invasor, a portinha da jaula de Maki foi arrombada e o habeas-corpus lhe concedido, sem que ao menos a Corte Suprema de lá fosse acionada.
A recaptura, entretanto, não demorou. Mas foi feita sem resistência, e sem o usual excessivo emprego de força, que caracteriza as apreensões de humanos por lá, sobretudo os de mais acentuada melanina, que incluem até joelho no pescoço.
O surpreendente foi o local da apreensão: um parque de diversões de crianças...onde quiçá Maki tentava recuperar a infância perdida...