Jantar especial
Estava só nesse lugar. Acredite se em mim, se em mim crer.
Preparei um jantar especial. Com luz de velas. Seria uma noite para contemplar o local onde eu estava.
Preparei um prato especial que aprendi no curso gastronômico.
Xim xim de galinha.
Como estou vegetariano, meio vegano, anti gorduras saturadas, comprei mussarela de leite de cabra. Ricota de leite de búfala. Azeitonas verdes italianas. Sal rosa chileno.
A noite chegou. Ansioso para fazer bonito. Preparei o prato. Peito de frango desfiado.
A hora passava. O rio, os grilos, a luz em cor suave.
As estrelas, meia lua.
Ouvindo música celta, arpas e tambores de aço.
Levei ao forno, abri uma garrafa de vinho tinto Malbec de Mendoza.
Vou começar a ceia. Meia noite em ponto. Recordei a procissão com velas e matracas nas ladeiras de Ouro Preto.
Olhei para o céu, as estrelas estavam alegres e radiantes.
Tudo como programei. Mas veja o prato quando retirei do forno. O que vi nas bordas da assadeira: figuras de cabras e ovelhas. Pensei logo. É o calor que fez as células dos animais a procriar ou coisa feita, mandinga, praga, para me amedrontar.
Não tive medo. Mas não abusei. Não tive coragem de colocar as figuras no prato.
A garrafa de vinho secou.