A menina do radinho de pilha
Era uma vez uma menina que ganhou em plena era da revolução tecnológica um radinho de pilha. Nem sabia onde comprar as pilhas e muito menos como colocar no rádio.
- Podiam ter me dado uma boneca! O que vou fazer com isso?
- Vai ouvir música, filha!
- Ouço música no meu celular!
- Você vai descobrir pra que ele serve. Tenho certeza.
A mãe disse aquilo e saiu do quarto deixando a menina toda abusada sozinha. Jogou o rádio num canto da cama e abraçou o travesseiro. O único presente que recebeu no seu aniversário foi aquele radinho de pilha que a família comprou através de uma vaquinha em que todos contribuíram.
Mas ela não era do tempo de radinho de pilha. Era do tempo de celular, tablet, notebook. Nunca tinha visto um rádio na sua frente. Se chegasse na escola com aquele rádio seria a graça da meninada. Melhor escondê-lo num lugar seguro. E colocou o rádio dentro de uma caixinha que estava dentro de uma caixa maior que estava dentro de uma caixa grande cheia de sapatos.
Nunca mais ligou para aquele rádio. Os dias se passaram e ela vivia ouvindo as suas músicas no áudio do celular pra cima e pra baixo. Todo mundo perguntava pelo rádio e ela dizia
- A pilha acabou!
Então, as pessoas traziam pilhas e mais pilhas para ela. O seu quarto não cabia mais de tanta pilha. Que povo chato, pensava a menina! Querer que use um radinho de pilha que ninguém usa mais. Prefiro meu tablet, pois por ele assisto aos meus programas favoritos.
- Cadê o rádio, filha?
- A pilha acabou!
- Vou comprar pilhas novas para você!
- Não precisa, mamãe! Compre bombons!
- Não sente saudades do seu rádio?
- Acho que não! Não sei! É só um rádio e mais nada. Por que teria saudades dele?
- Todo mundo tem saudades de algo que gosta. Tem gente que tem saudades de outra gente e tem gente que tem saudades de coisas. Se eu tivesse um rádio igual ao seu passaria o dia ouvindo os locutores transmitirem notícias bonitas.
A menina nem ligou para o que a mamãe falou. Todo mundo queria que ela usasse aquele rádio preto e pequeno, feioso. Jogou pra debaixo da cama todas as pilhas nunca usadas que lhe deram de presente.
O tempo passou rápido. Veio o novo aniversário da menina e ela ganhou um despertador de parede também presente de vaquinha feito por todos os familiares.
- Gostou do presente, filha?
- Adorei!
Disse a menina sem entender nada daqueles presentes que lhe davam. Pediu uma bicicleta e ganhou um despertador de parede maior do que ela. Gente estranha a sua família.
A menina guardou o despertador junto do rádio. Bem escondido.
Teve uma feira de antiguidades na escola e ela não pensou duas vezes. Vendeu o rádio e o despertador por cinco moedas que com elas comprou um sorvete. Pra que guardar coisas velhas? A sua família não entendia de brinquedos para crianças.
No dia seguinte, a menina soube que o seu rádio foi vendido por um milhão de moedas e o despertador por dois milhões de moedas. Dinheiro que dava para ela comprar mais de quinhentas bicicletas.
- Tudo isso? Quem comprou?
- Um homenzinho que adora antiguidades!
No aniversário seguinte, a menina pediu uma televisão preto e branco das mais antigas, porém a família não pôde comprar porque era muito cara e a vaquinha apurou poucas moedas.
Era uma vez uma menina que ganhou em plena era da revolução tecnológica um radinho de pilha. Nem sabia onde comprar as pilhas e muito menos como colocar no rádio.
- Podiam ter me dado uma boneca! O que vou fazer com isso?
- Vai ouvir música, filha!
- Ouço música no meu celular!
- Você vai descobrir pra que ele serve. Tenho certeza.
A mãe disse aquilo e saiu do quarto deixando a menina toda abusada sozinha. Jogou o rádio num canto da cama e abraçou o travesseiro. O único presente que recebeu no seu aniversário foi aquele radinho de pilha que a família comprou através de uma vaquinha em que todos contribuíram.
Mas ela não era do tempo de radinho de pilha. Era do tempo de celular, tablet, notebook. Nunca tinha visto um rádio na sua frente. Se chegasse na escola com aquele rádio seria a graça da meninada. Melhor escondê-lo num lugar seguro. E colocou o rádio dentro de uma caixinha que estava dentro de uma caixa maior que estava dentro de uma caixa grande cheia de sapatos.
Nunca mais ligou para aquele rádio. Os dias se passaram e ela vivia ouvindo as suas músicas no áudio do celular pra cima e pra baixo. Todo mundo perguntava pelo rádio e ela dizia
- A pilha acabou!
Então, as pessoas traziam pilhas e mais pilhas para ela. O seu quarto não cabia mais de tanta pilha. Que povo chato, pensava a menina! Querer que use um radinho de pilha que ninguém usa mais. Prefiro meu tablet, pois por ele assisto aos meus programas favoritos.
- Cadê o rádio, filha?
- A pilha acabou!
- Vou comprar pilhas novas para você!
- Não precisa, mamãe! Compre bombons!
- Não sente saudades do seu rádio?
- Acho que não! Não sei! É só um rádio e mais nada. Por que teria saudades dele?
- Todo mundo tem saudades de algo que gosta. Tem gente que tem saudades de outra gente e tem gente que tem saudades de coisas. Se eu tivesse um rádio igual ao seu passaria o dia ouvindo os locutores transmitirem notícias bonitas.
A menina nem ligou para o que a mamãe falou. Todo mundo queria que ela usasse aquele rádio preto e pequeno, feioso. Jogou pra debaixo da cama todas as pilhas nunca usadas que lhe deram de presente.
O tempo passou rápido. Veio o novo aniversário da menina e ela ganhou um despertador de parede também presente de vaquinha feito por todos os familiares.
- Gostou do presente, filha?
- Adorei!
Disse a menina sem entender nada daqueles presentes que lhe davam. Pediu uma bicicleta e ganhou um despertador de parede maior do que ela. Gente estranha a sua família.
A menina guardou o despertador junto do rádio. Bem escondido.
Teve uma feira de antiguidades na escola e ela não pensou duas vezes. Vendeu o rádio e o despertador por cinco moedas que com elas comprou um sorvete. Pra que guardar coisas velhas? A sua família não entendia de brinquedos para crianças.
No dia seguinte, a menina soube que o seu rádio foi vendido por um milhão de moedas e o despertador por dois milhões de moedas. Dinheiro que dava para ela comprar mais de quinhentas bicicletas.
- Tudo isso? Quem comprou?
- Um homenzinho que adora antiguidades!
No aniversário seguinte, a menina pediu uma televisão preto e branco das mais antigas, porém a família não pôde comprar porque era muito cara e a vaquinha apurou poucas moedas.