O MENINO DOS SAPATINHOS
Hoje recebi uma mensagem no meu email de uma criança que me pede um par de sapatos de qualquer modelo e cor para ir à escola. O tamanho do seu pezinho é 33. Fiquei imaginando o pezinho desse menino e os lugares por onde anda. Ele me disse na mensagem que anda bastante para chegar na escola e que vai sempre de "xinela". Seus outros amiguinhos também não têm sapatos, todos vão de "xinela", mas ele quer ter um par de sapatos para ficar bonito na escola e pediu à professora para escrever pra mim porque sou uma pessoa importante e posso ajudá-lo. Que importância tenho eu, menininho? Sabe, leitor, eu fiquei imaginando em quantos meninos descalços existem no mundo... em quantos meninos que pisam na areia quente, no chão de barro, na pedra de asfalto com os pezinhos despidos. Daí me lembrei de um menino que tinha perto da minha casa na minha infância que tinha os pés cheios de bicho-de-pé e não podia calçar os sapatos para ir à escola. Há meninos descalços agora e há um menino na região norte do Brasil que precisa de um par de sapatos para ir à escola e o meu coração está pequeno neste momento porque sei que devo ajudar a ele. Leitor querido, você pode me dizer que um par de sapatos não é nada porque tem crianças com fome e sem cobertor de frio e eu concordarei, mas acho que toda criança deveria ter o direito de ganhar um par de sapatos para ir à escola. Os pezinhos quentes dentro do sapato de couro ajudam no ensino-aprendizagem. Os pezinhos dentro de um sapato ganham vontade de correr até o céu e voltar para casa em "disparada" que nem trem pega. Quando criança eu tinha vários pares de sapatos e nunca me incomodei com sapatos na minha vida. Sempre os tive de montão. Hoje, sei que tem um menino lá longe precisando de um par de sapatos. Sabe, leitor, toda criança deveria ter o direito de ter tudo o que necessitasse para um bem viver. O direito, principalmente, a ser amado incondicionalmente pelos pais e professores sem discriminação de raça, credo ou camada social. Nenhuma criança deveria andar descalça nas ruas da cidade, mas de sapatinhos. Alguns meninos descalços não percebem o que é o sofrer, a dor, a angústia, o abandono e sorriem contentes nos seus mundinhos de brincadeiras... brincar basta-lhes. Lembrei-me agora de como eu adorava amarrar o cadarço dos tênis dos meus alunos do terceiro ano para que não tropeçassem neles e caíssem. Eu me preocupava com os cadarços quando há meninos que não têm sapatos. Se eu pudesse mandaria para esse menino sapatos de todas as cores e modelos para que ele nunca mais ficasse descalço, mas seu pezinho de criança crescerá rápido e tão-logo meu presente terá que ser trocado por outro. Pé de menino é igual árvore que se poda hoje e amanhã já tem galho por todos os lados. Nunca para de crescer. Eu vou dormir sonhando com o meu menino dos pés descalços e sábado comprarei os seus sapatos. Penso que meninos descalços têm mais cheiro de poesias, só que dói nos pés pisar no chão duro e a poesia se quebra no meio em tarde de verão. Poesia quebrada é como café sem açúcar. Melhor calçar os meninos.
Hoje recebi uma mensagem no meu email de uma criança que me pede um par de sapatos de qualquer modelo e cor para ir à escola. O tamanho do seu pezinho é 33. Fiquei imaginando o pezinho desse menino e os lugares por onde anda. Ele me disse na mensagem que anda bastante para chegar na escola e que vai sempre de "xinela". Seus outros amiguinhos também não têm sapatos, todos vão de "xinela", mas ele quer ter um par de sapatos para ficar bonito na escola e pediu à professora para escrever pra mim porque sou uma pessoa importante e posso ajudá-lo. Que importância tenho eu, menininho? Sabe, leitor, eu fiquei imaginando em quantos meninos descalços existem no mundo... em quantos meninos que pisam na areia quente, no chão de barro, na pedra de asfalto com os pezinhos despidos. Daí me lembrei de um menino que tinha perto da minha casa na minha infância que tinha os pés cheios de bicho-de-pé e não podia calçar os sapatos para ir à escola. Há meninos descalços agora e há um menino na região norte do Brasil que precisa de um par de sapatos para ir à escola e o meu coração está pequeno neste momento porque sei que devo ajudar a ele. Leitor querido, você pode me dizer que um par de sapatos não é nada porque tem crianças com fome e sem cobertor de frio e eu concordarei, mas acho que toda criança deveria ter o direito de ganhar um par de sapatos para ir à escola. Os pezinhos quentes dentro do sapato de couro ajudam no ensino-aprendizagem. Os pezinhos dentro de um sapato ganham vontade de correr até o céu e voltar para casa em "disparada" que nem trem pega. Quando criança eu tinha vários pares de sapatos e nunca me incomodei com sapatos na minha vida. Sempre os tive de montão. Hoje, sei que tem um menino lá longe precisando de um par de sapatos. Sabe, leitor, toda criança deveria ter o direito de ter tudo o que necessitasse para um bem viver. O direito, principalmente, a ser amado incondicionalmente pelos pais e professores sem discriminação de raça, credo ou camada social. Nenhuma criança deveria andar descalça nas ruas da cidade, mas de sapatinhos. Alguns meninos descalços não percebem o que é o sofrer, a dor, a angústia, o abandono e sorriem contentes nos seus mundinhos de brincadeiras... brincar basta-lhes. Lembrei-me agora de como eu adorava amarrar o cadarço dos tênis dos meus alunos do terceiro ano para que não tropeçassem neles e caíssem. Eu me preocupava com os cadarços quando há meninos que não têm sapatos. Se eu pudesse mandaria para esse menino sapatos de todas as cores e modelos para que ele nunca mais ficasse descalço, mas seu pezinho de criança crescerá rápido e tão-logo meu presente terá que ser trocado por outro. Pé de menino é igual árvore que se poda hoje e amanhã já tem galho por todos os lados. Nunca para de crescer. Eu vou dormir sonhando com o meu menino dos pés descalços e sábado comprarei os seus sapatos. Penso que meninos descalços têm mais cheiro de poesias, só que dói nos pés pisar no chão duro e a poesia se quebra no meio em tarde de verão. Poesia quebrada é como café sem açúcar. Melhor calçar os meninos.