Lenda da casa das almas penadas
Havia uma casa abandonada no meio do mato num lugarzinho onde só chegam as chuvas e as estrelas. A estrada é barrenta e cheia de lama. Mas eu fui lá. Fui e vi. Sempre curiosa não ia perder a oportunidade. Juro que me arrependi de ter ido.
A casa abandonada tinha matos e lôdo nas suas paredes rachadas. As portas e janelas estavam fechadas. Eu abri a porta que fez um barulho nas dobradiças. Fazia tempo que não era aberta. Estavam enferrujadas.
Era noite e eu segurava uma vela num pires de xícara. Fui entrando devagar... devagarzinho. Pé ante pé... teias de aranha apareciam na minha frente, lebres corriam de mim. Vi sapos pulando por cima dos meus pés e cobras andando pelo meio da sala esquisita. A minha sombra na parede fez-me medo. Gritei pra dentro!
De repente, um vento passou forte levantando meus cabelos para o céu e apagando a vela. Procurei no bolso do vestido pelos fósforos, não estavam mais lá. Tudo ficou escuro. Começou a chover e trovejar. Tive medo. Fiquei trêmula. Não conseguia gritar.
Uma alma puxou o meu cabelo por trás! Dei um pulo! Outra alma apareceu vestida de branco da cabeça aos pés e gritou "vá embora daqui." Corri! A porta fechou sozinha! Praft! Bem na minha cara! As almas começaram a gritar "vá embora daqui" num uníssono som. Comecei a chorar. Deu vontade de fazer xixi. Estava apertada. As almas amarraram os cadarços dos meus tênis um no outro. Quando quis correr novamente, tropecei neles, e caí com a cara no piso molhado de meleca. Coisa pegajosa. Coisa sem cheiro.
Levantei-me apressada. Elas gritavam "vá embora daqui". Jogaram uma panela em mim. Um raio iluminou a casa e eu pude ver as dezenas de almas me rodeando e gritando "vá embora".
As almas penadas estavam com raiva da minha invasão em sua morada. Bem que me disseram que ali moravam as almas penadas e eu não acreditei. Seu Francisco me disse que aquela era a casa das almas penadas e que eu nunca entrasse lá senão não sairia mais, viraria alma penada igual a elas.
Criança quando vira alma penada vai pro inferno também! Eu tinha medo do inferno! Eu tinha medo dos diabinhos! Eles faziam mal as pessoas!
Uma das almas penadas deu uma gargalhada, as outras acompanharam. Parecia que havia uma chefe. Eu comecei a chorar e as almas penadas abriram a porta para eu ir embora.
Corri! Coração na boca! Toda xixizada! No meio da chuva cheguei em casa e mamãe me perguntou onde eu estava aquela hora.
- Na casa das almas penadas!
- Ninguém entra naquela casa há anos! Vá tomar banho e deixe de mentiras senão vai ficar de castigo novamente!
Fui tomar banho e fiquei horas jogando a água em cima do meu corpo. Estava fria a água da quartinha de barro do nosso banheiro. Prometi a mim mesma que nunca mais voltaria à casa das almas penadas. Mas, cruzei os dedos.
Havia uma casa abandonada no meio do mato num lugarzinho onde só chegam as chuvas e as estrelas. A estrada é barrenta e cheia de lama. Mas eu fui lá. Fui e vi. Sempre curiosa não ia perder a oportunidade. Juro que me arrependi de ter ido.
A casa abandonada tinha matos e lôdo nas suas paredes rachadas. As portas e janelas estavam fechadas. Eu abri a porta que fez um barulho nas dobradiças. Fazia tempo que não era aberta. Estavam enferrujadas.
Era noite e eu segurava uma vela num pires de xícara. Fui entrando devagar... devagarzinho. Pé ante pé... teias de aranha apareciam na minha frente, lebres corriam de mim. Vi sapos pulando por cima dos meus pés e cobras andando pelo meio da sala esquisita. A minha sombra na parede fez-me medo. Gritei pra dentro!
De repente, um vento passou forte levantando meus cabelos para o céu e apagando a vela. Procurei no bolso do vestido pelos fósforos, não estavam mais lá. Tudo ficou escuro. Começou a chover e trovejar. Tive medo. Fiquei trêmula. Não conseguia gritar.
Uma alma puxou o meu cabelo por trás! Dei um pulo! Outra alma apareceu vestida de branco da cabeça aos pés e gritou "vá embora daqui." Corri! A porta fechou sozinha! Praft! Bem na minha cara! As almas começaram a gritar "vá embora daqui" num uníssono som. Comecei a chorar. Deu vontade de fazer xixi. Estava apertada. As almas amarraram os cadarços dos meus tênis um no outro. Quando quis correr novamente, tropecei neles, e caí com a cara no piso molhado de meleca. Coisa pegajosa. Coisa sem cheiro.
Levantei-me apressada. Elas gritavam "vá embora daqui". Jogaram uma panela em mim. Um raio iluminou a casa e eu pude ver as dezenas de almas me rodeando e gritando "vá embora".
As almas penadas estavam com raiva da minha invasão em sua morada. Bem que me disseram que ali moravam as almas penadas e eu não acreditei. Seu Francisco me disse que aquela era a casa das almas penadas e que eu nunca entrasse lá senão não sairia mais, viraria alma penada igual a elas.
Criança quando vira alma penada vai pro inferno também! Eu tinha medo do inferno! Eu tinha medo dos diabinhos! Eles faziam mal as pessoas!
Uma das almas penadas deu uma gargalhada, as outras acompanharam. Parecia que havia uma chefe. Eu comecei a chorar e as almas penadas abriram a porta para eu ir embora.
Corri! Coração na boca! Toda xixizada! No meio da chuva cheguei em casa e mamãe me perguntou onde eu estava aquela hora.
- Na casa das almas penadas!
- Ninguém entra naquela casa há anos! Vá tomar banho e deixe de mentiras senão vai ficar de castigo novamente!
Fui tomar banho e fiquei horas jogando a água em cima do meu corpo. Estava fria a água da quartinha de barro do nosso banheiro. Prometi a mim mesma que nunca mais voltaria à casa das almas penadas. Mas, cruzei os dedos.