O menino de pijama de bolinhas
Era um menino igual a todos os outros, quer dizer um pouco parecido com os outros, porque esse nosso menino de hoje gostava de conversar com a noite. Um menino que conversa com a noite? Sim! E o que ele diz para ela?
O menino ficava na sua janela ouvindo as reclamações da noite até o sono chegar. Ela reclamava de tudo. Ele em silêncio apenas ouvia. Saber ouvir é muito importante, disseram-lhe uma vez. A noite reclamava da sua insônia, da fila no banco, do rato que roeu o seu sapato, das estrelas dormirem cedo demais e por aí vai. Reclamações não lhe faltavam.
As pessoas não gostavam de conversar com a noite, porque diziam que ela não deixava ninguém falar, só ela queria ter a palavra, falava por demais, e o pior de tudo é que só sabia reclamar.
Ninguém gosta de pessoas que vivem a reclamar, mas o menino aprendera com a vida que a gente tem que gostar de todo tipo de gente sejam elas falantes, silenciosas ou reclamonas. As pessoas merecem respeito e a nossa admiração.
Ninguém nunca procurou saber o que a noite conversava ao final das suas reclamações, apenas o menino que uma vez ficou trinta e duas horas ouvindo a noite falar. Seus ouvidos já não aguentavam mais tanta reclamação. No final de tudo, ela se cansou de reclamar e disse
- Que tal se a gente falar de passarinhos?
E o menino ficou feliz, pois conversar sobre passarinhos era a coisa que ele mais gostava. Levaram mais trinta e duas horas falando dos pardais, sabiás, andorinhas, beija-flores e azulões. O menino contou que um passarinho entrava no seu quarto todos os dias voava, voava, voava e depois ia embora. A noite contou que os passarinhos são os únicos amigos que tem além do menino. E que eles sempre lembravam do seu aniversário.
O menino e a noite foram dormir depois de muito tempo de conversa. E conversa sobre passarinhos nunca chega ao fim, porque eles são bichinhos que vivem dentro da gente... o menino tinha ninhos dentro de si. Ninhos de amor, afeto, bondade justiça e sabedoria. A noite abriu a boca sonolenta.
Era preciso dormir e deixar os passarinhos acordados em meio aos céus que riscamos dentro de nós sempre que um deles vem nos visitar.
A noite disse também que menino que mora em prédios altos, perto de avenidas cheias de automóveis e muros de concreto, pode conversar com os passarinhos que moram dentro de si. Aliás, dentro da gente mora um monte de bichos. É só ficar em silêncio total que a gente vai ouvir a voz deles.
Era um menino igual a todos os outros, quer dizer um pouco parecido com os outros, porque esse nosso menino de hoje gostava de conversar com a noite. Um menino que conversa com a noite? Sim! E o que ele diz para ela?
O menino ficava na sua janela ouvindo as reclamações da noite até o sono chegar. Ela reclamava de tudo. Ele em silêncio apenas ouvia. Saber ouvir é muito importante, disseram-lhe uma vez. A noite reclamava da sua insônia, da fila no banco, do rato que roeu o seu sapato, das estrelas dormirem cedo demais e por aí vai. Reclamações não lhe faltavam.
As pessoas não gostavam de conversar com a noite, porque diziam que ela não deixava ninguém falar, só ela queria ter a palavra, falava por demais, e o pior de tudo é que só sabia reclamar.
Ninguém gosta de pessoas que vivem a reclamar, mas o menino aprendera com a vida que a gente tem que gostar de todo tipo de gente sejam elas falantes, silenciosas ou reclamonas. As pessoas merecem respeito e a nossa admiração.
Ninguém nunca procurou saber o que a noite conversava ao final das suas reclamações, apenas o menino que uma vez ficou trinta e duas horas ouvindo a noite falar. Seus ouvidos já não aguentavam mais tanta reclamação. No final de tudo, ela se cansou de reclamar e disse
- Que tal se a gente falar de passarinhos?
E o menino ficou feliz, pois conversar sobre passarinhos era a coisa que ele mais gostava. Levaram mais trinta e duas horas falando dos pardais, sabiás, andorinhas, beija-flores e azulões. O menino contou que um passarinho entrava no seu quarto todos os dias voava, voava, voava e depois ia embora. A noite contou que os passarinhos são os únicos amigos que tem além do menino. E que eles sempre lembravam do seu aniversário.
O menino e a noite foram dormir depois de muito tempo de conversa. E conversa sobre passarinhos nunca chega ao fim, porque eles são bichinhos que vivem dentro da gente... o menino tinha ninhos dentro de si. Ninhos de amor, afeto, bondade justiça e sabedoria. A noite abriu a boca sonolenta.
Era preciso dormir e deixar os passarinhos acordados em meio aos céus que riscamos dentro de nós sempre que um deles vem nos visitar.
A noite disse também que menino que mora em prédios altos, perto de avenidas cheias de automóveis e muros de concreto, pode conversar com os passarinhos que moram dentro de si. Aliás, dentro da gente mora um monte de bichos. É só ficar em silêncio total que a gente vai ouvir a voz deles.