Águia solitária e a Urutau.
A águia mal amada estava amargurada por mais uma vez ser largada por um outro que dizia lhe amar. A bichinha, cabisbaixa, resolveu para longe voar, ao horizonte, seja lá onde fosse parar.
Voou, voou e enfim, chegou. Um lugar muito belo, bem florestado, muitos pinheiros, ipês e eucaliptos; tudo muito bonito. O chão esverdeado era enfeitado de tulipas, rosas e girassóis, ora, um coelhinho saltitando animando o ambiente. Patinhos acompanhados de vitórias-régias na lagoa, cururus e cigarras fazendo a opera do lugar.
Achou que ali seria perfeito para morar.
A noite chegou, mas ela ainda não tinha lar, aprumou-se em qualquer árvore que viu, mas pera lá! Numa corujinha muito estranha ela esbarrou, parecia até mesmo parte do galho, que nada, era a urutau, mãe da lua e das noites enluaradas.
O incômodo repentino passou de constrangimento para uma longa prosa emplumada, logo a coruja revelou o motivo que a fazia ficar ali sempre tão parada. Ora, de tanto ser renegada resolveu amar a si mesma, então fica sempre no mesmo galho, à espera da lua que reflete à ela. Aprendeu que era linda e preciosa e ninguém que a negasse mudaria essa história.