O menino e o tapete encantado
O menino escondia os brinquedos, os sapatos, a bola, seus medos e a sacola debaixo do tapete.
Se alguém pedia esmola o menino retirava qualquer coisa debaixo do tapete e entregava ao pedinte.
Um dia, o menino varreu seu lixo para debaixo do tapete. Um lixo quente do passado trazido pelo vento.
Debaixo do tapete, o menino jogou o cheiro das flores e o colorido das cores.
Fez um desenho e como todo mundo sorria dos seus desenhos jogou a sua obra de arte debaixo do tapete.
Na rua foi xingado. Bateram no menino. Machucaram o menino. Tomaram sua bicicleta. Ele ficou cheio de manchas rochas. Quando chegasse em casa ainda teria que ouvir o irmão mais velho dizer que era um frouxo.
O menino jogou as manchas rochas e suas lágrimas debaixo do tapete.
Disseram que ele era burro. Não aprendia nada. Com dez anos de idade mal sabia ler.
O menino chegou em casa e entrou debaixo do tapete. Ficou lá por muito tempo. Queria ser diferente. Queria ser igual a toda gente. E tudo o que queria parecia difícil e nunca conseguia.
Até o dia em que, Dina, a empregada da casa descobriu seu esconderijo.
Dina mostrou ao menino um lindo quadro que tinha aparecido na parede. Era o seu desenho que todos admiravam com curiosidade.
Naquela noite sonhou com a vovó que estava no céu. E muito feliz ficou!
O menino descobriu que aquilo era coisa do tapete. Para debaixo dele agradeceu com um longo O-B-R-I-G-A-D-A-A-A-A-!
E pela primeira vez o tapete devolveu algo: O-B-R-I-G-A-D-A-A-A-A-!
O menino não entendeu. Mas como tem coisas que a gente não entende. Ele logo esqueceu.