O menino que crescia pra dentro
Era uma vez um menino que pedia muitas coisas aos seus pais. No Natal, fazia uma lista enorme de pedidos para o Papai Noel, no seu aniversário também fazia outra lista grande.
Tinha muitos brinquedos, roupas e sapatos. Não dividia nada com ninguém. Tudo era só seu. Quando via um brinquedo em uma vitrine de loja logo pedia para a mamãe comprar. Só pensava em si.
Até que um dia, apareceu um menino descalço e faminto à porta da sua casa, pedindo comida. O menino não trazia nada nas mãos, na cabeça... sequer bolsos no seu calçãozinho sujo tinha. Podia-se dizer que era um menino sem nada.
O menino que tinha tudo que queria perguntou o seguinte ao menino pedinte:
- O que você quer?
- Um prato de feijjão.
- Só isso?
- O resto eu tenho.
- O que você tem?
- Amor!
- Só isso?
- Quem tem amor tem quase tudo!
- Espera! Vou buscar o prato de feijão pra você!
O menino que tinha tudo preparou um prato de feijão para o menino pedinte e foi levar até o portão fechado, mas meio intrigado com a resposta daquele menino que parecia não ter nada.
- Aqui está o seu prato de feijão!
- Muito obrigado!
- Me diga uma coisa: o que é o amor?
- Ah! É uma coisa que nasce na gente quando aprendemos a crescer pra dentro.
- Obrigado pela explicação!
- Tenho que ir! Vou dividir esse prato de feijão com a minha mamãe.
O menino que tinha tudo entrou em casa, foi pro espelho e levantou a camisa. Queria saber se crescia pra dentro. Como se ver por dentro? Ele não sabia. Nunca preocupou-se com coisas difíceis. Nem tinha como saber, pois seus pais não tinham tempo para ouvi-lo. Viviam muito ocupados com os amigos e trabalho.
Ouviu a campainha tocar, novamente, e correu para o portão. Era o mesmo menino pedinte.
- Que quer novamente?
- Dizer obrigado por me amar!
- Obrigado! Mas o que é amar?
- Uma coisa que faz a gente crescer pra dentro.
- Continuo do mesmo tamanho!
- Não! Você cresceu muito pra dentro ao me dar o prato de feijão.
- Eu não senti nada crescer em mim.
- Quando aprender a amar outras pessoas sentirá. Tenho que ir.
- Tá certo!
- Tchau!
O menino que tinha tudo voltou para dentro de casa ainda mais intrigado. E no outro dia pediu à mulher que cuidava dele para irem doar pratos de feijão às pessoas carentes. Assim, ele sentiu crescer pra dentro sendo amado e amando todo mundo.