A catadora de lixo

Peço licença às crianças para dedicar este livro a uma pessoa grande, porque foi ela quem me inspirou a escrever este livro para crianças. Agora, que já pedi licença às crianças, posso fazer a minha dedicatória.

DEDICATÓRIA

Este livro é de Tânia.

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Antoine Lavoisier
 
O que aconteceu com ela?
 
− Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava bem limpar... Puxa! Você é sujo, não feio! Depende de nós, depende do olhar. Nas ruas e praças você é chamado de “lixo de varrição”. São as folhas, as areias, os entulhos.
− Assim não dá! Tem gente que nem sabe o que é fome. Fome de escrever, fome de poetizar, fome de correr. Aí vive deixando restos de comida, embalagens, vidros, latas, papéis nos estabelecimentos comerciais.
− Eu vou levar vocês para um lugar azul. Nas casas, os papéis, as embalagens plásticas, os vidros, as latas, os restos de alimentos não podem morar.
− Ui! Que máquinas barulhentas! Vou levar vocês para ver o céu e sentir o vento. Nas fábricas e indústrias: os rejeitos sólidos e líquidos devem ir pra um lugar apropriado.
− Ai! Ai! Ai! Quase me furei! Nada contra você, mas prefiro ser furada pela ponta de uma estrela. Nos hospitais, farmácias e casas de saúde há um tipo especial de lixo contendo agulhas, seringas e curativos. Você é chamado de "lixo patogênico", e pode produzir inúmeras doenças.
− Estou ouvindo você.  Não chore. Você não entrou aí porque quis. Vou tirar você daí agora mesmo. O coração de algumas pessoas está cheio de você. Você é aquilo que não conseguimos colocar pra fora e fica engasgado dentro da gente. É um problema sério que pode causar muitos danos à saúde: depressão, infarto, derrame cerebral.
− Você está nas estrelas! No espaço você é chamado de “lixo espacial”. É o nome dado aos objetos criados na Terra e lançados à órbita que após desempenharem seu trabalho permanecem em volta do planeta à toa. O lixo espacial possui desde luvas e ferramentas até pedaços de satélites, foguetes, bolsas de astronautas.
− Olha só aonde você foi parar: nos e-mails dos internautas! Na internet você é conhecido como “lixo virtual”. Se não cuidarmos de você um dia poderemos ter problemas. Você se fantasia de cookies e arquivos temporários que podem deixar o computador lento e trazer vírus, também.
− Eu sei que você não faz mal aos peixinhos porque quer. Você não tem culpa de ter sido jogado aqui. Vem, vamos para casa. Os rios correm pra vida. Talvez mais perigoso do que ser lixo de esgotos é ser lixo das indústrias, que jogam toneladas e mais toneladas de produtos químicos diretamente nos rios.
− Puxa! Seus amigos estão em todo canto!. Para onde vou levar você agora?
− Vou presentear o vidro, o plástico, o papelão, o ferro, o aço e o alumínio com novas formas! Eles serão reciclados!
− Vou decorar a cidade com você! Vai ficar bem bonita!
Preciso pintar essas latas conforme o seu tipo. É pra ficar assim:
Azul – Papel/Papelão
Amarelo - Metal
Verde - Vidro
Vermelho - Plástico
Marrom - Orgânico
Laranja - Resíduos perigosos
Preto - Madeira
Cinza - Resíduos gerais não recicláveis ou misturados, ou contaminado não passível de separação
Roxo - Resíduos radioativos
Branco - Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde
− Olá! De porta em porta procuro por você. Quando alguém diz que não tem você fico desconfiada. Pode alguém não ter você em casa nos dias atuais? Ou será que estão jogando você no lugar errado?
− Descobri onde fica o seu verdadeiro lugar. Os aterros sanitários são grandes terrenos onde você é depositado, comprimido e depois espalhado por tratores em camadas separadas por terra.
− Uauuuu! Veja como ficou bonito! Pintei o símbolo internacional de reciclagem na minha camiseta. Aonde tiver esse símbolo saiba que você é reciclável.
− Oh, não! No meio da rua você não vai ficar! Passe para o saco escolher seu par.
− Que casa linda! Toda feita de você! Deu um trabalho enorme catar você, mas valeu a pena!
− Eu sou a profissão do futuro.
 
NÃO JOGUE LIXO NA RUA. JOGUE O LIXO NO LIXO.
 
Ela está murcha!