A MAGIA DE ELISA

Era verão a estação mais quente do ano, o sol resplandecia mais cedo, com seus raios brilhantes e incandescentes, que refletiam sobre o azul do mar formando pontinhos coloridos. Era quase natal, época de confraternização e muita reflexão...

Elisa era uma garotinha sonhadora, morava em um pequeno vilarejo, lá onde o vento faz a curva, em uma comunidade simples de pescadores, um local aconchegante em frente ao mar. A garotinha de aproximadamente onze anos de idade, tinha cabelos dourados como a luz do sol, vivia sonhando acordada, gostava de improvisar versinhos e rimá-los entre si, sempre a luz do luar. Ela adorava apreciar a imensidão do oceano, sentir o cheiro inebriante da maresia e observar o balanço das ondas de lá para cá... Assim, os dias passavam depressa para a jovem Elisa, que já se encontrava em férias escolares, entre o trabalho, lazer e Poesia.

Todos os dias a rotina da garotinha sonhadora era a mesma, ajudava sua mãe nas tarefas de casa, e depois saia correndo à procura de diferentes conchinhas à beira-mar, pois queria fazer uma árvore de natal com elas. Elisa gostava de correr sentindo a brisa fresca acariciar o seu rosto rosado. Somente retornava para sua casa perto da hora do almoço, depois de lavar os pratos, ela ficava deitada na rede até o momento em que o sol se despedia da lua, com um breve beijo, e o luar reinava no céu.

Certo dia, ao caminhar tranquila pela praia deserta, Elisa avistou de longe um garoto que estava escrevendo alguma coisa na areia macia da praia, procurou se aproximar devagar para não assustá-lo, e logo puxou conversa:

- Bom dia, podemos conversar?! Eu sou Elisa, moro nesta comunidade de pescadores. Qual é o seu nome?

O garoto olhou desconfiado para a garota Elisa e resolveu falar em seguida:

- Bom dia, Elisa! Meu nome é Carlinhos, moro na cidade e estou passando minhas férias na casa dos meus avós, que fica próxima daqui.

Elisa olhou atentamente para Carlinhos e continuou falando feito uma tagarela:

- Sabe Carlinhos, nesta comunidade são poucas crianças, da minha idade, normalmente são maiores ou bem pequeninas. Eu sinto falta de amigos aqui, e gostaria de tê-lo como meu amigo.

- Pois, seremos amigos! Eu também preciso de amigos para aproveitar minhas férias. Respondeu-lhe o garoto.

Elisa olhou para as duas palavras escritas pelo garoto, e depois leu em voz alta: “FELIZ NATAL!” e foi logo declamando uma poesia:

FELIZ NATAL!

Natal é Fé, é Esperança, é Amor!

É momento de confraternização

Magia da criança, seu esplendor

Luzes, brilho, cores e renovação...

Natal é todo dia, hora e momento

Fraternidade, amizade, e doação

É união de todos os sentimentos

É semear o Amor em cada coração...

O Natal não é somente os presentes

São boas ações do nosso dia a dia

É Fraternidade Universal existente

Dar-se as mãos e sorrir com alegria...

Natal dos doentes, e dos carentes

Dos que precisam de Solidariedade

Dos que perdoam pessoas ausentes,

Repartir o pão, em gesto de Caridade...

Natal é ser o Papai Noel de verdade

Acreditar na Fé que torna tudo capaz

Reflexões pelo bem da Humanidade,

Ah, o Natal é simplesmente ter Paz! *

Elisa olhou para Carlinhos, que estava emocionando, terminou de declamar aquela linda poesia e falou:

- Sabe Carlos, eu gosto de fazer versinhos rimados, li essa poesia em algum lugar e me apaixonei por ela. Você gosta de poesia?

O garoto Carlinhos passou suas mãos pelos cabelos dourados de Elisa, arrumou algumas mechas que estavam caindo pelos olhos da menina e depois falou:

- Elisa, eu estou emocionado, você declamou muito bem essa poesia. Eu gosto de poesia, mas não sei escrever versinhos como você.

Elisa segurou firma na mão direita do menino, e os dois saíram correndo pela areia fina daquela exuberante praia; eles já eram amigos, e queriam aproveitar os felizes momentos. Eles saíram apanhando conchinhas coloridas para completar a árvore de natal que estava sendo construída na parede da casa da menina. Eles foram pulando as poças d’água e desviando os pequenos abrigos dos animais que ficavam pelo caminho. Logo anoiteceu, eles se despediram e a garota prometeu que no outro dia, eles iriam procurar, de novo, mais conchinhas coloridas. Elisa parou de repente e gritou para Carlinhos que já estava bastante adiantado:

- Oh Carlinhos, segure aí meus versinhos!

“O sol tem o brilho do ouro

Que reluz na água do mar

Amigo é mais que tesouro

O bom da vida é te amar!” *

O garoto Carlinhos salpicou um beijo para Elisa, e depois saiu correndo sem nem olhar para trás. A menina estava feliz, pois havia encontrado um bom amigo. Ela sabia muito bem à importância de uma verdadeira amizade...

Todas as tardes os dois amigos se encontravam no mesmo local combinado e ficavam colando as conchinhas coloridas na parede, completando assim, a linda árvore de natal. Depois de cansados, Elisa e Carlinhos, aproveitavam o momento em que as estrelas brincavam de esconde-esconde por trás da lua, se deitavam na areia, e por lá ficavam contemplando o magnífico espetáculo no céu.

O natal chegou e Carlinhos voltou para casa, para passar as festividades natalinas com seus pais. Muito em breve ele retornaria para aproveitar o restante das suas férias... Elisa ficava esperando pela volta de Carlinhos todos os dias, no mesmo lugar, sentia saudades do amigo que partiu... Certa tarde, ouviu alguém gritando:

- Oh Elisa, segure aí meus versinhos!

“Na rocha escrevi seu nome

Para o tempo nunca apagar

Lá coloquei meu sobrenome

Agora aprendi o que é amar.” *

A garota correu ao encontro do amigo, deram-se as mãos e foram à procura de conchinhas coloridas. E assim, todos os anos Carlinhos vinha passar suas férias na casa dos avós e reencontrava sua amiga Elisa.

Aqui termina a nossa historinha de hoje. Até a próxima pessoal!

Elisabete Leite – 04\12\2019

*Poemas de: Elisabete Leite

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 17/12/2019
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