Os meninos e a porta
Rosângela Trajano
Para Jean e Felipe.
Os meninos estavam sozinhos no mundo, quer dizer, sozinhos no sentimento que os unia naquele momento, porque no mundo ainda tinham muitas árvores, bichos um sol e uma lua.
E onde fica a porta nesta história? Ah! A porta. A porta da casa dos meninos não queria fechar.
Se a porta não fechasse, à noite, poderiam entrar dragões, bruxas, sapos, cobras e lagartos. Era preciso fechar a porta.
Os meninos empurravam a porta com força, mas parece que ela tinha vontade própria, do canto não saía.
Cansados e suados, os meninos já não sabiam mais o que fazer. Como uma porta pode dar tanto trabalho? Uma porta é só uma porta e nada mais.
Êpa! Uma porta é muita coisa! Ela fecha a casa, ela fecha o escritório, ela fecha a fábrica, ela fecha a escola, ela fecha a casa.
Quando a porta fecha quem está dentro não sai mais e quem está fora não entra mais.
Sem contar com as portas que o nosso coração costuma abrir e fechar de vez em quando para algumas pessoas.
Mas é preciso resolver o problema da porta, porque a noite já está chegando no lugar onde fica a casa dos meninos.
Além de tudo o que já foi dito que podia entrar será que havia algum perigo de entrar coisas mais perigosas? Sim, porque sempre há uma coisa que é mais do que a outra. Por exemplo, o dragão é mais bravo do que o leão! A coragem é mais brava do que o medo! A felicidade é mais brava do que a tristeza!
Os meninos empurraram de novo a porta, dessa vez com a ajuda de um pedaço de madeira. Nada. Do canto não saiu.
O pedaço de madeira partiu-se ao meio, assim como partem-se as alianças entre amigos, casais e sócios.
– O que vamos fazer?, perguntou um dos meninos.
– Como é que eu vou saber?, respondeu o outro menino.
Então, um dos meninos teve a ideia de desparafusar a porta, empurrá-la até fechar a casa e depois encostar uma cadeira ou coisa parecida nela.
E o outro menino que muito gostou daquela ideia foi logo pegar a chave de fenda.
Acabaram descobrindo que os parafusos da porta estavam enferrujados e assim não conseguiram desparafusá-la.
A noite chegou dizia a escuridão. Já que não tinha jeito de fechar a porta o melhor era ir dormir e deixá-la daquele jeito. Até conseguirem uma solução.
Adormeceram os meninos enquanto pela porta entrava o brilho da lua cheia no céu.
E pela porta aberta uma estrela cabida olhava os dois meninos sozinhos no mundo com o sentimento que os unia dormindo, de mãos dadas.
A estrela achou aquilo tão belo que pediu para a porta abrir mais um pouquinho para ela poder ver melhor. Mas, a porta de peralta fechou-se sozinha! Praft! Na cara da estrela!
Rosângela Trajano
Para Jean e Felipe.
Os meninos estavam sozinhos no mundo, quer dizer, sozinhos no sentimento que os unia naquele momento, porque no mundo ainda tinham muitas árvores, bichos um sol e uma lua.
E onde fica a porta nesta história? Ah! A porta. A porta da casa dos meninos não queria fechar.
Se a porta não fechasse, à noite, poderiam entrar dragões, bruxas, sapos, cobras e lagartos. Era preciso fechar a porta.
Os meninos empurravam a porta com força, mas parece que ela tinha vontade própria, do canto não saía.
Cansados e suados, os meninos já não sabiam mais o que fazer. Como uma porta pode dar tanto trabalho? Uma porta é só uma porta e nada mais.
Êpa! Uma porta é muita coisa! Ela fecha a casa, ela fecha o escritório, ela fecha a fábrica, ela fecha a escola, ela fecha a casa.
Quando a porta fecha quem está dentro não sai mais e quem está fora não entra mais.
Sem contar com as portas que o nosso coração costuma abrir e fechar de vez em quando para algumas pessoas.
Mas é preciso resolver o problema da porta, porque a noite já está chegando no lugar onde fica a casa dos meninos.
Além de tudo o que já foi dito que podia entrar será que havia algum perigo de entrar coisas mais perigosas? Sim, porque sempre há uma coisa que é mais do que a outra. Por exemplo, o dragão é mais bravo do que o leão! A coragem é mais brava do que o medo! A felicidade é mais brava do que a tristeza!
Os meninos empurraram de novo a porta, dessa vez com a ajuda de um pedaço de madeira. Nada. Do canto não saiu.
O pedaço de madeira partiu-se ao meio, assim como partem-se as alianças entre amigos, casais e sócios.
– O que vamos fazer?, perguntou um dos meninos.
– Como é que eu vou saber?, respondeu o outro menino.
Então, um dos meninos teve a ideia de desparafusar a porta, empurrá-la até fechar a casa e depois encostar uma cadeira ou coisa parecida nela.
E o outro menino que muito gostou daquela ideia foi logo pegar a chave de fenda.
Acabaram descobrindo que os parafusos da porta estavam enferrujados e assim não conseguiram desparafusá-la.
A noite chegou dizia a escuridão. Já que não tinha jeito de fechar a porta o melhor era ir dormir e deixá-la daquele jeito. Até conseguirem uma solução.
Adormeceram os meninos enquanto pela porta entrava o brilho da lua cheia no céu.
E pela porta aberta uma estrela cabida olhava os dois meninos sozinhos no mundo com o sentimento que os unia dormindo, de mãos dadas.
A estrela achou aquilo tão belo que pediu para a porta abrir mais um pouquinho para ela poder ver melhor. Mas, a porta de peralta fechou-se sozinha! Praft! Na cara da estrela!