Eu não sei por que não sei
Rosângela Trajano
– Eu não sei – disse o menino.
Um dia, o menino saiu por aí, atrás dos pássaros.
O menino chegou num belo castelo.
– Com quem deseja falar? – perguntou o guarda.
– Eu não sei.
O guarda levou o menino até o rei.
– Filho, de onde você vem?
– Eu não sei.
O rei mandou levar o menino para brincar com as outras crianças.
Após alguns dias, todos os meninos do reino só falavam “ eu não sei”.
– Eu não sei – menina.
– Eu não sei – menino.
– Eu não sei – meninas e meninos.
O rei, preocupado, mandou buscar o menino. Fez-lhe um monte de perguntas.
– Eu não sei.
– Por que você não sabe?
– Eu não sei por que não sei!
– Pare! Pare! Você está me deixando confuso! Vá brincar! – disse o rei.
Certo dia, o rei teve uma reunião com seus ministros e sem querer começou a responder às perguntas igual ao menino.
– Eu não sei, eu não sei, eu não sei… – dizia o rei, repetidamente.
O rei pensou que o menino tinha uma doença contagiosa.
– Levem esse garoto para bem longe daqui! – ordenou o rei.
Os guardas deixaram o menino no meio da floresta.
A onça perguntou ao menino se ele estava com medo.
– Eu não sei.
O elefante perguntou ao menino se ele estava sozinho.
– Eu não sei.
A gaivota perguntou ao menino o que ele sentia.
– Eu não sei.
– Isso é um absurdo! – disse a tartaruga – Como pode alguém não saber de nada?!
– O que é o absurdo? – perguntou o jacaré ao menino.
– Eu não sei – respondeu o menino.
E os bichos de tanto ouvir “eu não sei” começaram a repetir as palavras do menino do jeito de cada um:
rosnando;
gruindo;
mugindo; e
cantando.
O menino foi caminhando sem saber para onde.
De repente, viu uma casa pintada de amarelo, com portas marrons.
Estava com sede. Bateu à porta. Uma mulher simpática abriu a porta e abraçou o menino toda feliz!
– Filho, por onde você andou?! – perguntou a mãe.
– Eu não sei.
– Venha! Vamos tomar um banho, jantar e dormir?
– Eu não sei.
O menino vestiu o pijama, e foi para sua cama.
– Não vai fechar os olhinhos pra dormir?
– Eu não sei.
– Tá bom, então quando você souber você dorme. Boa noite!
– Eu não sei quando vou saber, mãe.
A mãe apagou a luz e deixou o menino sozinho na sua cama.
Um vaga-lume azul e outro amarelo conversavam à janela do quarto do menino.
Quase dormindo o menino ouviu quando um perguntou para o outro:
– Você sabe quantas estrelas tem no céu?
– Ninguém sabe! Ninguém sabe! Ninguém sabe!
– Eu sei! – Dormiu o menino.
Rosângela Trajano
– Eu não sei – disse o menino.
Um dia, o menino saiu por aí, atrás dos pássaros.
O menino chegou num belo castelo.
– Com quem deseja falar? – perguntou o guarda.
– Eu não sei.
O guarda levou o menino até o rei.
– Filho, de onde você vem?
– Eu não sei.
O rei mandou levar o menino para brincar com as outras crianças.
Após alguns dias, todos os meninos do reino só falavam “ eu não sei”.
– Eu não sei – menina.
– Eu não sei – menino.
– Eu não sei – meninas e meninos.
O rei, preocupado, mandou buscar o menino. Fez-lhe um monte de perguntas.
– Eu não sei.
– Por que você não sabe?
– Eu não sei por que não sei!
– Pare! Pare! Você está me deixando confuso! Vá brincar! – disse o rei.
Certo dia, o rei teve uma reunião com seus ministros e sem querer começou a responder às perguntas igual ao menino.
– Eu não sei, eu não sei, eu não sei… – dizia o rei, repetidamente.
O rei pensou que o menino tinha uma doença contagiosa.
– Levem esse garoto para bem longe daqui! – ordenou o rei.
Os guardas deixaram o menino no meio da floresta.
A onça perguntou ao menino se ele estava com medo.
– Eu não sei.
O elefante perguntou ao menino se ele estava sozinho.
– Eu não sei.
A gaivota perguntou ao menino o que ele sentia.
– Eu não sei.
– Isso é um absurdo! – disse a tartaruga – Como pode alguém não saber de nada?!
– O que é o absurdo? – perguntou o jacaré ao menino.
– Eu não sei – respondeu o menino.
E os bichos de tanto ouvir “eu não sei” começaram a repetir as palavras do menino do jeito de cada um:
rosnando;
gruindo;
mugindo; e
cantando.
O menino foi caminhando sem saber para onde.
De repente, viu uma casa pintada de amarelo, com portas marrons.
Estava com sede. Bateu à porta. Uma mulher simpática abriu a porta e abraçou o menino toda feliz!
– Filho, por onde você andou?! – perguntou a mãe.
– Eu não sei.
– Venha! Vamos tomar um banho, jantar e dormir?
– Eu não sei.
O menino vestiu o pijama, e foi para sua cama.
– Não vai fechar os olhinhos pra dormir?
– Eu não sei.
– Tá bom, então quando você souber você dorme. Boa noite!
– Eu não sei quando vou saber, mãe.
A mãe apagou a luz e deixou o menino sozinho na sua cama.
Um vaga-lume azul e outro amarelo conversavam à janela do quarto do menino.
Quase dormindo o menino ouviu quando um perguntou para o outro:
– Você sabe quantas estrelas tem no céu?
– Ninguém sabe! Ninguém sabe! Ninguém sabe!
– Eu sei! – Dormiu o menino.