O fotógrafo que aprisionava almas.
Ele era o garoto mais estranho da escola, tinha um jeito de pensar diferente: curto e grosso para responder a todos, monossílabos era seu vocabulário preferido.
Ele não gostava de fazer nada que lhe era imposto, principalmente, a chatice de ter que copiar aqueles textos E-NOR-MES!
Também implicava com o famoso “armar” continhas no caderno, pois, ele já sabia um jeito diferente de contar, esse jeito estava dentro da sua cabecinha, e só ele sabia como funcionava... o negócio da “coisa” é que ele sempre acertava as respostas, mas a professora só considerava metade da questão, só porque ela cismava em querer ver a tal da continha “armada”!
Um dia ele ganhou de presente uma máquina fotográfica, era simples, por isso podia ser manuseada por crianças, daquelas antigas dos tempos dos anos 90. Seu tio solteirão, também lhe ensinou a como revelar essas fotografias, bastava ter um quartinho escuro e alguns materiais.
Então ele começou a fotografar tudo o que via e achava interessante, começou com flores, passarinhos e borboletas (quando conseguia capturá-los), fotografou também seu cachorro: o Maroto.
Mas o que ele mais gostou de fotografar foi a “cara” das pessoas, ele gostava de ver como o sorriso delas parecia ser verdadeiro, quando estava congelado em uma folha de papel, se divertia quando elas ficavam com olhos apertadinhos ou vesgos quando piscavam na hora do flash, tinha umas caras aborrecidas outras bravas com o atrevimento dele. Mas isso ele nem ligava!
Com sua câmera a moda antiga, podia prender a alma das pessoas em uma folha de papel, prendia não para que não fossem livres, mas porque ali, naquele papel, àquelas pessoas pareciam estar exteriorizando o que eram por dentro. E não pareciam estar vivendo para cumprir apenas, regras!