As formigas guerreiras e a árvore embiratanha

As formigas guerreiras e a árvore embiratanha

Certa tarde, umas formigas guerreiras em suas viagens à procura de alimento, caminhando já de volta para casa, encontraram um pequeno grupo de outra colônia.

_Oba, comida!, disseram em coro.

Ao tentar levarem-nas para o formigueiro foram atacadas. Na verdade, tinham encontrado uma espécie de formigas também predadoras. Houve uma terrível batalha e as formigas guerreiras, sentindo-se já em menor grupo, e todas feridas, fugiram (certas de que era o único meio de salvarem-se).

Essas formigas, desde pequenas, foram acostumadas a se apoiarem umas nas outras, assim, conseguiram chegar até, pelo cair da noite, aos pés de uma árvore. A planta tinha o tronco largo, com casca rugosa e verde.

Ah, o chão era macio e convidativo! E como o corpo delas pedia por um lugar assim...

De tão feridas, ficaram sem poder procurar alimento, desse modo, comeram das raízes da árvore.

_ Mas é muito gostosa! _ disseram algumas delas, com a boca cheia...

Realmente, estavam comendo de uma árvore da caatinga muito conhecida pelo nome de embiratanha e que, segundo crenças populares do interior do Piauí, tinha raízes comestíveis e com o sumo da entrecasca de seu tronco com poderes medicinais.

E como ao frescor da noite se juntou o aconchego do largo tronco, as formigas enroscaram-se na entrecasca deste e dormiram. O sono foi cheio de numerosas batalhas, mas havia um suco suave correndo pelo corpo e, ao final, as dores foram passando, passando... E agora havia outra vez um sono bom...

Quando acordaram aos primeiros raios do sol interrogaram-se: “Como estavam com as cicatrizes da batalha todas saradas?” E o mais curioso é que o corpo parecia renovado, com uma energia de quem está em perfeito estado de saúde.

Uma delas completou os pensamentos de todas.

¬_ Esta árvore tem poderes mágicos! _ acrescentou com um gesto bem estudado de uma das patas indicando o tronco largo e verde.

Não questionaram a afirmação; fizeram apenas um gesto com a cabeça como quem encontra uma casa apropriada para morar. Sim... sim, tinham um local perfeito para passarem invernos e verões. Em se tratando de suprir as necessidades do formigueiro, a árvore embiratanha se encarregaria até de curar-lhes as feridas e dores.

E foi uma mudança natural: as formigas ainda estão por lá (creio que os descendentes delas), embora passados alguns anos –; e a árvore, também acredito, ouve o nascimento de novas formigas, em que a rainha se encarrega de dormir todos os dias no largo tronco rugoso e verde da embiratanha em que toda a colônia sempre tem sonhos de uma numerosa e organizada família...

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 17/06/2019
Reeditado em 17/08/2019
Código do texto: T6675052
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.