FANTASMINHA AMIGO

Era uma tarde de inverno fria e penetrante, no pequeno povoado localizado no coração do nordeste, um lugar simplesmente agradável e bem acolhedor. Os irmãos Julinho e Marcinho tinham saído para dar um passeinho vespertino; eles queriam se aventurar por aí e bem no meio do caminho Julinho falou:

- Marcinho, hoje o tempo está congelante! Estou batendo o queixo de tanto frio e para variar esqueci o meu casaco em cima da cama.

- Sim Julinho, está tão frio! Olha, lá está Carlinhos passando por ali! Exclamou Marcinho.

- Vamos chamá-lo para se juntar conosco nesse passeio vespertino regado a muito frio! Exclamou Julinho.

Os irmãos se aproximaram do amigo na intenção de saírem à procura de uma boa aventura de inverno. Como sempre, Julinho puxou conversa com o amigo:

- Olá Carlinhos, tudo bem com você? Você gostaria de participar conosco de uma divertida aventura nessa tarde de inverno? Tenho certeza que jamais esqueceremos esse dia congelante!

- Claro que sim amigos! E já tenho o local da nossa aventura. Aquele velho casarão abandonado que fica no alto da colina, vive fechado há muito tempo, minha mãe não quer que eu apareça por lá, ela diz que ele é assombrado, mas ela nem vai saber. O que vocês acham? Perguntou o menino.

Os garotos se entreolharam e ficaram tremendo, talvez fosse o frio, mas também poderia ser o medo. Julinho e Marcinho concordaram e os três seguiram em destino ao sinistro local combinado. Já era noite, completamente, quando os três garotos chegaram ao velho casarão, os crepúsculos, no horizonte, já tinham desaparecidos, dando passagem ao luar prateado, às nuvens que bailavam no céu e às estrelas que cintilavam deslumbrantes. Os garotos adentraram na sala e, o silêncio predominava no salão sombrio daquele lugar sinistro, eles começaram a sentir calafrios de medo, quando olharam o longo corredor, preenchido apenas por sombras e penumbras... A chuva começou a cair forte lá fora, raios riscavam o céu, parecia até que o mundo iria se acabar com tanto barulho dos trovões. Os garotos resolveram procurar os aposentos para se abrigarem até a chuva cessar completamente. De repente, Julinho sente um puxão de cabelo e ele falou para o seu irmão:

- Marcinho, deixe de brincadeira! Você puxou o meu cabelo!

- Julinho, você está louco! Eu não puxei cabelo de ninguém. Eu estou morrendo de medo aqui, pois já sopraram o meu ouvido direito várias vezes e agora puxaram o meu calção. Exclamou Marcinho.

- Poxa amigos, tem alguém brincando com a gente! Já tiraram o meu boné duas vezes! Exclamou Carlinhos...

Os garotos ficaram em um único quarto, pois eles estavam com muito medo. Logo, a confusão estava formada, os objetos voavam sozinhos, as janelas abriam-se e fechavam-se, cadeiras movimentavam-se sem ninguém tocá-las, o clima era realmente assustador. Julinho quebrou o silêncio:

- Meninos, o que vamos fazer? Pois acho que alguém quer assustar a gente!

Um voz suave, como se fosse de uma criança, respondeu pelos outros meninos:

- Não quero assustar ninguém, eu quero brincar com vocês, sou um fantasminha amigo, me sinto sozinho e preciso de alguém que preencha o vazio da minha vida.

Os garotos procuravam de onde vinha aquele som, mas a penumbra do quarto dificultava a localização. A voz falou mais uma vez:

- Meninos, estou aqui em cima do guarda-roupa!

Os garotos não acreditavam no que estavam vendo. Em cima do guarda-roupa estava um fantasminha todo lilás de olhinhos pretos esbugalhados, uma graça de criaturinha. Ele fez uma carinha de anjo, sorriu e começou a falar de novo:

- Amiguinhos, sou do bem! Eu moro aqui há muito tempo com o meu avô, mas hoje ele foi visitar um primo longe daqui e, eu estou sozinho, gostaria muito de ter coleguinhas, mas todo mundo tem medo de mim, eu escolhi vocês para serem seus amigos.

Esperto, como sempre, Julinho perguntou ao fantasminha:

- Uau, e fantasmas existem?! Saiba que nós não temos medo de você. Queremos ser seus novos amiguinhos para brincarmos muito por aí.

- Claro que fantasmas existem para quem acredita. Oba, então, vamos brincar de esconde-esconde. Falou o fantasminha amigo.

Os garotos correram para se esconder e o fantasminha seria o primeiro a procurar os escondidos. De repente, um barulho ensurdecedor, a escada de madeira já comprometida pelos cupins cedeu e os três garotos caíram em um buraco profundo. O fantasminha amigo correu ao encontro dos garotos para saber o que havia acontecido e, viu os novos amiguinhos desmaiados no fundo do buraco. Então, o fantasminha desceu ao local, que não parecia ter fim e, procurou acordar os garotinhos. E falou quase gritando:

- Meninos acordem, por favor! Eu preciso tirar vocês daqui!

Os três garotos pouco a pouco foram acordando e despertaram totalmente. Por um milagre eles não estavam muito machucados, tinham apenas pequenos arranhões nos braços e nas pernas. Eles ficaram chorando bastante, pois não sabiam o que fazer naquele momento tão difícil. O fantasminha amigo sugeriu chamar o avô para ajudar os novos amigos, pois ele não podia sair daquele seu mundo mágico e apanhou seu apito que servia para se comunicar com o velho vovô, o fantasminha assoprou bem forte e logo apareceu um fantasma de cabelos grisalhos e pele transparente. Ele quebrou o silêncio e falou:

- Fantasminha, meu neto, o que aconteceu? Quem são esses garotos? Como você permitiu que eles entrassem em nosso mundo encantado?

- Não sei vovô! Sei apenas que eles são garotos especiais e estão aqui, agora somos amigos! Por favor, o senhor precisa ajudá-los!

- Tudo bem meu bom netinho, vamos buscar todos os lençóis do casarão, amarraremos um a um, formando uma corda grossa, uma ponta ficará com os meninos e a outra conosco lá em cima... Assim, foi feito! O velho e seu netinho amarram a ponta da corda de lençol em um pesado guarda-roupa e os meninos um a um foram escalando o buraco até saírem daquele assustador lugar... Os garotos agradeceram ao avô do fantasminha amigo e depois aproveitaram para brincarem juntos...

Julinho, Marcinho e Carlinhos todos os dias voltavam ao casarão abandonado para brincarem com o fantasminha amigo, eles corriam pelos corredores, desciam pelo corrimão da velha escada, nem temiam ao perigo, brincavam felizes de esconde-esconde, aquele local se transformou em um ambiente de muitas alegrias e fortes emoções.

Os meninos cresceram e cada um seguiu um caminho diferente, mas eles nunca esqueceram aquela tarde fria e penetrante de inverno. Sempre que podiam eles se encontravam naquele antigo casarão e brincavam com o menino fantasminha.

Essa foi uma incrível aventura com o fantasminha amigo. A amizade verdadeira é um tesouro valioso, vale mais que dinheiro, vale muito mais que ouro, não tem preço, pois amizade é de graça. É a maior prova de Amor.

Elisabete Leite – 04\05\2019

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 20/05/2019
Reeditado em 20/05/2019
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