Josi e as folhas no quintal
Quem pensa que pode prender criança dentro de casa por muito tempo está bem enganado. Crianças precisam correr, subir e cair, o cabelo vai estar sempre bagunçado, mas isso será um bom sinal aos pais: elas estão vivendo ao máximo.
Josi, uma pequena menina, tinha esse mesmo espírito. Era aventureira, vivia com as roupas sujas de barro e grama molhada. Andava pelo quintal e descobria novos mundos e novos sonhos. Todos os dias ela era alguém no imenso jardim de sua casa. Em alguns dias era astronauta, em outros era cuidadora de macacos ou até adestradora de insetos.
Não era difícil amar Josi. Ela era aquela menina cuidadosa com as palavras, amável ao sorrir para todos e muito esperta para sua idade. Passavam estações, mudava o clima e Josi estava no quintal.
Josi, certo dia, via milhares de folhas caindo da árvore no centro do quintal. Via essas folhas caírem e pensava que quem as tirava de forma tão delicada nos galhos e as fazia dançar em círculos até tocarem, finalmente, o solo era bem inteligente.
Josi era curiosa e dentro de seu coração nasciam perguntas que sempre, cedo ou tarde, eram respondidas. Saber porque aquelas folhas caíam era sua nova pergunta. Eram folhas amareladas, um pouco secas e sem vida. Caíam e já pareciam mortas. O vento fazia a tarefa de arrancar elas dos galhos e, aos poucos, o jardim ficava com outro aspecto.
Como as folhas caíam sempre, Josi percebeu que logo não restariam outras nos galhos. Ao mesmo tempo, ela lembrava que daqui alguns meses novas surgiriam e flores nasceriam para enfeitar, como um toque final, a linda árvore de seu quintal.
Pode ser que Josi fosse pequena demais, mas ela entendeu que assim como aquelas folhas caíam, aparentemente mortas e sem graça, o tempo para o novo amadurecimento de novas folhas e, por fim, as flores, estava começando a ser contado pelos dias que antecediam a primavera. Nesse meio tempo de clima frio e sem graça, a árvore poderia aprender o valor de ter folhas verdes para os pássaros. As folhas aprenderiam o valor da espera para florirem outra vez e Josi, a pequena Josi, veria com seus próprios olhos que o Dono do Mundo faz acontecer o que é necessário para a transformação humana.
Ele pode fazer cair as folhas, mas nunca deixa apodrecer a raiz. Enquanto a gente vê sonhos se distanciando, vontades serem silenciadas e oportunidades serem perdidas, Deus apenas prepara o melhor, para que com a próxima primavera, você tenha folhas verdes, fortes e melhores. Não só folhas, mas flores também.
Naquele dia, a partir de sua observação no quintal, Josi entendeu e conheceu que o Dono do Mundo conhecia muito bem o tempo de todos. Ele fazia as folhas caírem, mas nunca deixava para sempre a árvore sem flores. Logo a sua nova chance, a nova oportunidade chegaria e Josi estaria esperando pela primavera para entender outra vez que folhas caídas fazem parte do processo para flores melhores. Josi pediu para avisar que o Dono do Mundo é mais delicado e surpreendente do que todas as folhas que caem dançando das árvores e o nome dEle é: Deus