A Lua surgiu
A lua surgiu.
Me chamaram de fora da casa. Fui correndo até a varanda ver a Lua. Ela surgia. Contei ao meu urso (seguro em meus braços), que a Lua era minha amiga. Ele não sorriu, se sorria, só eu sabia. Assim como só eu sabia daquela minha amizade com a Lua.
Dessa vez ela me contou o que fazia lá do outro lado do mundo. Ela viu os chineses, viu os fogos coloridos no céu, os telhados de Pequin, as águas do rio Amarelo. Perguntei se os fogos não a assustaram. Ela respondeu que não, afinal ela estava longe de qualquer perigo. A Lua disse que eram bonitos... os fogos. Eu imaginei então a Lua sorrindo na distância do céu, vendo os fogos de Pequin. Eu tinha medo dos fogos, e quando ouvia os estouros no céu, fechava os olhos e abraçava a perna de meu pai.
Sempre que contava pra Lua meu medo, ela respondia, fazendo pouco de mim, que um dia "acharia algo de bonito" neles. Que seria corajoso, afinal era amigo dela, e isso não é pouco. Quem sabe... ela dizia, "nos encontraremos nesse céu profundo... e você veja tudo daqui, como eu vejo".