AVENTURAS DE RISCO E RABISCO

Era noite de lua cheia, sai Risco e Rabisco pelas estradas brincando com as suas próprias sombras.

Seus pais sentados na varanda admiravam o silêncio e a tranquilidade daquele paraíso bem esquecido no meio da floresta, onde só se ouvia o canto de passarinhos e outros animais que viviam em harmonia.

O sossego não demorou muito, logo aparece Pingo o filho caçula querendo ir ao encontro dos dois irmãos. O pai se levanta, espreguiça, larga a xícara de café que tomava de gole em gole enquanto conversava com a mulher e diz:

- Vamos pequeno Pingo, eu preciso esticar as pernas e tomar um pouco do ar fresco que vem do rio. - Completou dirigindo-se ao filho que saltitante correu se adiantando.

- Volto já- Disse para a esposa que se distraia escrevendo as peraltices dos filhos num velho caderninho.

Não muito longe encontraram o Risco e o Rabisco que já estavam voltando dizendo ao pai que lhes contassem historinhas daquelas de homens que viravam Lobisomem amedrontando todos nas noites de Lua cheia.

- Ah! Os bons tempos! Suspirou o pai rindo para os três pequenos peraltas que pulavam à sua volta.

Logo chegaram, o pai se sentou na rede, os três pequenos sentaram em volta com os olhinhos atentos para ouvirem as terríveis historias de assombração que tanto gostavam de ouvir o pai contar.

- Naquele tempo de tudo diziam acontecer. Mula sem cabeça que corria soltando fogo, Lobisomem, Saci Pererê, e outros seres que amedrontavam as crianças e deixavam os adultos de cabelo em pé, mas eram lendas- eu vivia dizendo sem acreditar.

Nessa época, eu ainda garoto, não conhecia sua mãe e nem vocês existiam. Uma noite, enquanto zanzava pelas ruazinhas da pacata cidadezinha com mais dois amigos. O Zarolho e o Zoiudo, numa encruzilhada próxima ao cemitério foram quando apareceu a nossa frente um homem tão alto com chapéu cobrindo metade do rosto, faltou pernas para correr, cada um se desbandou numa direção os cabelos arrepiavam, o coração parecia saltar do peito. Lembro até hoje que ao chegar a casa estava amarelo sem ar para respirar e cai ali mesmo na varandinha que dava para a rua de lado, só sei que acordei em minha cama e só dias depois fui me lembrando do acontecido. Como fui parar em meu quarto eu nunca descobri.

A partir daquele dia nunca mais sair de casa nas noites de lua cheia e passei a acreditar que assombração existia mesmo e não era lendas como eu achava.

Mas as nossas aventuras não parou. Sempre íamos onde sentisse vontade. Menos em noites de lua.

Uma bela noite andava os três pela estradinha em direção ao vilarejo que ficava nas montanhas, quando encontramos um homem numa carroça, eu me adiantei para pedir carona quando o homem pulou avançando contra nós com aquela mesma capa preta e chapéu cobrindo o rosto. Foi outra correria, mas não passou de uma brincadeira, logo estávamos na carroça rindo com o bom velho Joaquim das botas muito querido naquelas redondezas.

Aos finais de semana subia a serra sempre com o Zarolho e o Zoiudo para tomar banho na cachoeira, e assim, terminava mais um dia cantando para a lua que sorria lá do alto. Ah! Aquele tempo era de diversão, medo, distração e nenhuma maldade, vida feliz de garotos do interior. Concluiu o pai.

- Por isso faço questão de ver meus filhos crescerem no meio da simplicidade da natureza degustando o sabor da paz e tranquilidade sem serem engolidos pela tecnologia.

- Agora é hora dos três correrem para suas camas disse o pai bocejando feliz em ter seus filhos por perto.

Autoria- Irá Rodrigues

Diretora Internacional da divisão de Literatura Infanto-juvenil

http://iraazevedo.blogspot.com.br/

irá rodrigues
Enviado por irá rodrigues em 28/03/2019
Código do texto: T6609520
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