PERERECAS NA FOLIA
Era uma vez há muito tempo atrás, em uma época em que os animais falavam normalmente e se harmonizavam no mesmo espaço físico. Pois, existia um local bem especial, que era habitado por diferentes anfíbios do grupo dos anuros, ao qual pertencem os sapos e as rãs. Lá havia um riacho intermitente de águas cristalinas que servia para refrescar esses animaizinhos fascinantes, porém as encantadoras pererecas preferiam habitar nas árvores e viviam pulando de galho em galho, elas pareciam até que podiam voar...
Rosinha era a perereca mais sapeca que existia naquela região e naquele sábado de Zé Pereira, ela acordou eufórica, pois era o dia em que o seu bloco carnavalesco “Pererecas na Folia” iria desfilar pela Passarela do Samba e assim, ela precisava correr contra o tempo para deixar tudo pronto até o momento tão esperado. O referido bloco iria desfilar exatamente às 10h00 horas daquela escaldante manhã. Rosinha era uma perereca-de-olho-preto, ela tinha os olhos esbugalhados e a cor da pele tinha um tom verde musgo brilhante, a perereca já estava toda caracterizada para o grande evento, ela vestia uma saia curtíssima vermelha, um top azul-marinho e um arranjo de Carmem Miranda na cabeça, ela pulava à procura de seu inseparável amigo que era o sapo José e ele também já estava caracterizado para cair na folia, vestia uma fantasia de Zorro com máscara e tudo. Nesse pula pra lá e pra cá, os dois se encontraram à beira do riacho e Rosinha foi logo puxando conversa:
- Poxa Zé, você está bem bonito com esse seu look! Gostei bastante da sua fantasia de Zorro. Uau, que máscara mais exuberante! Exclamou Rosinha.
- Eita Rosinha, que espetáculo de modelito é o seu! Um verdadeiro show esse seu top azul-marinho! Você vai arrebentar os corações e vai conquistar todos os sapos do pedaço, inclusive eu. Disse-lhe o sapo José.
Após os elogios de praxe, de conversa vai e conversa vem, Rosinha aproveitou para delegar, na verdade, era o que ela mais gostava de fazer, pois se achava a maioral:
- Zé querido, deixa de lero-lero e vai logo recepcionar os músicos! E não se esqueça de jeito nenhum, a orquestra abrirá o evento com a marchinha carnavalesca “O sapo não lava o pé”. Ela vai tocando da passarela do samba até o riacho, vai chamando os foliões para o local de concentração da saída do bloco. Nada pode sair errado, vamos fazer o melhor carnaval de todos os tempos, eu quero os sapos, rãs e as pererecas desfilando juntos com muita animação e frevo no pé. Agora, vamos ensaiar um pouco o refrão da música de abertura:
(O sapo não lava o pé
Não lava porque não quer
Ele mora lá na lagoa
Não lava o pé porque não quer
O sapo não lava o pé
Não lava porque não quer
Ele mora lá na lagoa
Não lava o pé porque não quer
Mas que chulé!...)
- Ha, ha, ha! Pois, tinha que ser um sapo, Rosinha! Acho que seria melhor assim: A perereca não lava o pé... Falou e saiu resmungando de cara fechada.
Logo, os clarins anunciavam a saída do bloco, muitos fogos de artifícios riscavam o céu e centenas de sapos, rãs e pererecas desfilavam com diferentes fantasias na passarela do samba e a orquestra abriu o evento tocando a música “O sapo não lava o pé”. Rosinha vinha na frente de todos carregando o estandarte do bloco e ao seu lado estava José cantando a música com os sujeitos trocados. Logo depois, os pequeninos Gritavam bem alto: “Mamãe eu quero” e os outros repetiam o refrão:
(Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar
Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar...)
De repente, Rosinha começou o mela e molha do carnaval, com uma caixa de maisena, um talco e uma bisnaga d’água e saiu pulando e lambuzando todo mundo, não ficou ninguém de rosto limpo, eles pareciam assombrações dançando folia, pois era o frevo tocando e as almas penadas pulando e, foram tantos risos, intermináveis gargalhadas e muita diversão, pois era hora da inesquecível marchinha carnavalesca “Ó abre alas” que deixou a multidão repetindo o seu refrão:
(Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar.)
Assim, termina a história das Pererecas na Folia, com frevo, samba no pé, muita tradição e grande diversão.
Até a próxima aventura de carnaval pessoal!
Elisabete Leite – 16\02\2019
(Conto Infantil em homenagem às antigas marchinhas carnavalescas.)
Nossas Pesquisas:
https://www.letras.mus.br/marchinhas-de-carnaval/