O MUNDO NUM DIA CRIANÇA
No canto da sala estavam todas as caixas e sacolas prontas para a viagem. Na noite passada, Pedrinho tivera o cuidado de verificar cada item da lista de materiais que iriam precisar. Eram crianças da escola mundo encantado, entre seus nove e onze anos, e com a chegada do período de férias tinham combinado um dia na chácara do avô de Tupac. Os amigos de Pedrinho, todos entusiasmados, começavam a chegar e juntos iam colocando as caixas e sacolas dentro do micro-ônibus. Tudo arrumado, partiram rumo a chácara ainda combinando os últimos detalhes do dia. Na chácara tudo organizado para receber as crianças. O local escolhido eram três faveiros enormes que ficavam próximos, quase um lado do outro, ali Pedrinho e seus amigos seriam divididos em grupos. A ideia era que cada faveiro representasse uma cidade, o mundo dividido em três cidades crianças, a presença de adultos não era permitida. Seria um dia de brincadeiras e muita harmonia, e para as crianças o que acontecia de errado no mundo não era obra delas e sim dos adultos.
Com os materiais que trouxeram, cada grupo, montou sua própria cidade. Haviam ali, casas, escolas, hospitais, shoppings, ruas, praças, carros, pessoas e animais. Cidades comuns. Tudo era compartilhado com todos. O que não havia em uma cidade, era dividido igualmente com as demais. Houve um momento de risos, quando a enfermeira Geovana acompanhada de Tupac, que simulava uma tosse tão perfeitamente, que parecia estar doente de verdade. Tupac foi atendido prontamente pelo médico da cidade vizinha e após tomar seu xarope – meio copo de suco de morango – alguns minutos depois, a tosse de Tupac havia desaparecido. Antes do meio dia, todas as crianças tinham se reunido em volta do faveiro da cidade de Clarisse. Atentamente ouviam Clarisse fazer a leitura de um livro que contava a história do nascimento de Jesus.
Na laranjeira em frente aos faveiros os meninos tinham espalhados cobertores no chão e colocado luzes de papel crepom em seus galhos. Ao meio dia cada criança levou sua contribuição para a ceia de natal e deixaram organizados embaixo da árvore. Após fazerem as orações de agradecimento, entre cumprimentos e abraços, passaram a saborear os deliciosos pratos preparados por seus pais. Antes do fim da tarde, hora de voltarem para suas casas, ainda se divertiram bastante. Tinham levado vários brinquedos e organizado competições entre os grupos. Foi um dia de plena harmonia e prazer compartilhados. As crianças voltaram felizes e crentes de que o sonho que tinham idealizado era possível de tornar realidade. Elas próprias, eram testemunhas disso.