UM CONTO QUASE DE FADA

Era uma vez uma linda garotinha que vivia sonhando em ser uma princesa de verdade, ela era proveniente de uma família muito pobre, seus pais eram lenhadores e eles moravam em uma pequena cabana, no coração da floresta, longe da cidade... Lucy, como era conhecida pelos amigos e parentes mais próximos, tinha a pele morena, como uma jabuticaba, cabelos negros e bem encaracolados e olhos pretos e brilhantes, ela gostava de ficar sentada embaixo de uma árvore frondosa, uma velha Figueira, que ela mesma denominava de “Cantinho de Leitura”, lá ela permanecia por horas e horas lendo histórias de Contos de Fadas, pois Lucy se sentia uma personagem desses livros, uma princesa em seu universo encantado de criança, que vivia entre sonhos e certezas, o milagre da esperança. A garotinha usava sua criatividade, pois quando os livros não eram coloridos, com seus lápis de cor, ela pintava o cenário do jeito que desejava: um lindo amanhecer dourado, com um deslumbrante sol que sorria e brilhava no céu azul ou um luar prateado, com estrelas que luziam no infinito; ela até se desenhava em cima de um cometa e se imaginava à procura de um portal de acesso ao reino encantado. Lucy se achava rica de desejos, de vontades, de atitudes e principalmente, de virtudes. Assim, eram os seus dias e, seu pai quando precisava ir à cidade, comprar mantimentos, sempre trazia novos livros de história para ela...

Um certo dia, Lucy recebeu um convite inesperado de seu pai. Ele se aproximou da garota que estava recolhida em seu Cantinho de Leitura e, fez-lhe um convite especial:

- Querida Lucy, amanhã logo cedinho, irei à cidade apanhar uma encomenda para sua mãe. Você gostaria de ir comigo? Eu posso deixá-la na Biblioteca e apanhá-la na hora de retornarmos para casa. Porém, a viagem será muito longa, pois iremos de Carro de Boi.

Os olhos da garota brilhavam de tanta felicidade que mal podia responder ao convite de seu pai, porém ela tomou fôlego e respondeu-lhe:

- Sim papai, eu quero muito conhecer à Biblioteca Central, pois assim terei a chance de escolher os livros de história que desejar.

Era um início de dia magnífico, o sol já resplandecia no horizonte e um deslumbrante arco-íris embelezava o azul do céu, com suas cores fascinantes, quando Lucy acordou apressada, pois o seu pai já a esperava no único transporte que eles tinham. Ela tomou rápido o seu desjejum matinal, cuscuz com leite e foi correndo ao encontro de seu pai...

Já era quase 14h00 horas quando eles chegaram à Biblioteca Central, a garotinha entrou e ficou deslumbrada com tantos livros de diferentes títulos e autores, o cenário era encantador, seu olhar percorria a estante de um canto a outro no salão. Logo, a garoto sentiu um aroma inebriante de flores e, ouviu quando alguém falou com ela:

- Boa tarde, Princesa Lucy! Como você é bonita querida!

- Uau, quem é você?! Tão linda vestida de fada, com asinha e tudo! Perguntou-lhe Lucy.

- Eu sou Malvina, a sua Fada Madrinha! Sabe, eu posso conceder-lhe um desejo, mas o seu desejo não pode ser bens de natureza material e nem tão pouco dinheiro. Algo que você gostaria de ser, uma coisa passageira. Respondeu-lhe sua Fada Madrinha.

- Malvina, Fada Madrinha existe? Perguntou-lhe Lucy.

- Claro que existe, Lucy! Eu sou Luz e moro na sua Essência. Faça o seu pedido, por favor! Disse-lhe Malvina.

- Eu quero ser uma Princesa, dessas Princesas de Contos de Fadas. Disse-lhe Lucy, chorando de tanta emoção.

- Lucy, vou conceder-lhe o seu pedido, porém nada você deve trazer do mundo encantado, o seu desejo é uma fantasia, você será uma Princesa por um dia. Portanto, exatamente à meia-noite (à zero hora), você deve tirar a sua coroa de Princesa e assim, você retornará ao mundo real. Lucy, você concorda? Perguntou-lhe Malvina.

Sim, entendo perfeitamente Malvina! Respondeu-lhe Lucy.

Como em um passe de mágica, a garota foi transportada para um Reino Encantado, o Mundo dos Sonhos... Lucy, ficou fascinada quando se viu dentro de um deslumbrante castelo, o cenário era igual ao dos livros que lia com frequência, os de Contos de Fadas. As paredes do castelo eram de pedras, estilo rústico com detalhes em dourado, janelões de vidro que pareciam até cristais, com cortinas em puro cetim e logo, seu encantamento foi quebrado por uma voz bem suave:

- Princesa Lucy, se apresse! Vossa Majestade, o Rei, já perguntou pela Vossa Alteza mais de uma vez. Disse-lhe a camareira Matilde.

- Desculpe-me Matilde, sei que estou muito atrasada, mas essa coroa fica caindo direto da minha cabeça. Respondeu-lhe Lucy.

- Meu Deus, como Vossa Alteza está linda! A Princesa mais bela que já conheci em toda minha vida. Disse-lhe sua camareira.

A Princesa Lucy se aproximou do espelho e não acreditou no que estava vendo. Ela vestia um vestido armado com várias saias rendadas, na cor verde com detalhes em rosa, calçava sapatos de cristal e sua cabeça estava adornada por uma coroa de puro brilhante. Lucy, não se conteve e as lágrimas escorriam pela sua linda face. De repente, o Rei, seu pai, entrou no recintou para buscá-la e teceu-lhe vários elogios:

- Minha Princesa Lucy, como você está deslumbrante! Um presente para você, minha filha. Deixe-me ajudá-la, por favor! Disse-lhe o Rei.

O Rei se aproximou da Princesa e colocou o colar de esmeralda no pescoço da sua filha, em seguida eles se dirigiram ao salão principal, onde a Rainha já esperava por eles. O Rei se aproximou da esposa beijou-lhe a mão e foi dançar a primeira valsa com a Princesa Lucy. A Orquestra tocava a valsa Danúbio Azul de Johann Strauss, a Princesa girava como uma bailarina, rodopiava e rodava sem parar, tudo era magia, pura fascinação, pois a Princesa bailava no ar, ela jamais esquecerá daquele inesquecível baile. Lucy dançou muito com vários convidados, mas quando o relógio soou doze badaladas, a garota, imediatamente, tirou a corou e voltou ao mundo real.

- Lucy, minha filha, acorde! Já é quase noite e precisamos voltar para casa. Disse-lhe seu pai.

- Papai, onde estou? Perguntou-lhe a garota ainda sonolenta.

- Onde você está! Você está na Biblioteca, minha querida! Acho que você estava sonhando Lucy. Respondeu-lhe seu pai.

Lucy olhou para o livro que estava em suas mãos e, leu o título: UM CONTO QUASE DE FADA. Seu pai olhou para ela e perguntou-lhe:

- Filha, Um Conto Quase de Fada, por quê?

- Porque a Princesa do livro não encontrou no baile o seu Príncipe encantado. Respondeu-lhe a garota, que olhou para o alto da estante e acenou para sua Fada Madrinha que piscou o olho para ela.

- Lucy, deixe de assanhamento, pois você tem apenas onze anos de idade! Respondeu-lhe seu pai...

Os tempos passaram e Lucy cresceu, se casou, teve muitos filhos, ela vivia contando para os seus filhos a história fascinante de Um Conto Quase de Fada.

Era uma vez...

Elisabete Leite – 22/11/2018

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 27/11/2018
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