ADÃO, O MENINO QUE QUERIA VOAR

Adão era um garoto como outro qualquer, nas suas horas vagas, vivia brincando com os coleguinhas na rua e, gostava de jogar bola, de competir no vídeo game, de andar de bicicleta, que era o seu hobby preferido, e de correr ladeira abaixo. O garoto era proveniente de uma família muito humilde, ele morava com os pais no Alto da Luz, em um subúrbio afastado da cidade, seus pais eram Catadores de Lixo, de onde eles tiravam o dinheiro para o sustento da família. Adão tinha um irmãozinho de três anos, o caçulinha do doce lar...

E mal amanhecia Adão já estava de pé, pois seus pais saiam muito cedo para labuta diária e, ele precisava cuidar do irmão menor, o dócil Carlinhos, ainda muito pequenino que até chupava chupeta. O garoto dava banho, alimentava o irmão e levava-o para Creche. Adão, depois dessa exaustiva rotina, ia à escola, na saída da mesma, ela apanhava o irmão na Creche e seguiam subindo e descendo ladeira, às vezes com Carlinhos no colo, até chegarem em casa... Já em casa, ele começava tudo de novo; dava banho no irmão e almoçavam juntos, depois ficava esperando os amigos para as brincadeiras vespertinas, enquanto Carlinhos dormia. Adão vivia aprontando com seus animais de estimação, ele puxava o rabo do gato Mimi, escondia a comida do cachorro Totó, balançava a gaiola do periquito Arnaldo e, ficava lá dizendo: - Ainda vou te soltar, pois você precisa voar e voar à procura de um ninho! Ele ficava lá olhando para a beleza do passarinho e, nem via o tempo passar. À noitinha, era hora de seus pais voltarem da lida diária, para o garoto poder respirar melhor e realizar as tarefas escolares. Quando seus pais chegavam sempre traziam algo novo; um carrinho para Carlinhos ou outros brinquedos interessantes para Adão, tudo achado no lixão. Seu pai carinhosamente lavava e pintava os achados, deixando-os novinhos, especialmente para os filhos. Adão aos onze anos de idade tinha um sonho, ele queria voar para poder conhecer outros lugares, cruzar novos horizontes e ultrapassar seus limites...

Um certo dia, Adão amanheceu diferente, sentia dores pelo corpo todo, um mal-estar constante, uma pontada na cabeça e febre. Sua mãe vendo o estado do filho falou para o marido que iria ficar em casa. Ela entrou no quarto de Adão e ficou conversando com ele:

- Meu querido filho, o que você tem?

- Não sei mamãe! Estou me sentindo estranho. Eu posso não ir à escola hoje? Perguntou-lhe o garoto.

- Sim querido, você pode ficar descansando, que hoje não vou trabalhar e cuidarei de Carlinhos. Respondeu-lhe sua mãe.

Assim, ele ficou bem quietinho descansando... De repente, ele sentiu como se alguém estivesse olhando para ele, pois Adão já não sabia se era sonho, sintomas da febre ou se tudo era real. Logo, o silêncio foi quebrado por uma voz suave que dizia:

- Menino Adão, você está me vendo? Eu sou o Arcanjo Rafael e vamos voar juntos.

- Eu posso vê-lo, senhor Arcanjo! O que é um Arcanjo? Ah, é verdade que vamos voar?! Perguntou-lhe o garoto.

- Sou Arcanjo da saúde e da cura. Adão, “Arcanjo significa, Anjo Principal, isto é, o mais importante e está na hierarquia divina acima dos Anjos...” Claro que vamos voar, eu quero que você conheça um lugar bonito. Respondeu-lhe o Arcanjo.

- Oba, o meu sonho será realizado, mesmo doente eu vou voar! Disse-lhe o garoto chorando de felicidade.

- Não se preocupe Adão! Segure minha mão com força, feche os seus olhos, que já vamos alçar voo. Disse-lhe o Arcanjo.

Assim, Adão segurou bem firme uma das mãos do Arcanjo Rafael, fechou os seus olhinhos e sentiu a brisa fria beijar-lhe o rosto. Logo, o Arcanjo mandou Adão reabrir os olhos, foi quando ele percebeu que estava voando. O garoto ficou fascinado com a beleza do cenário, ele já não sabia para onde olhar primeiro, pois lá do alto Adão podia contemplar as ondas espumantes que quebravam à beira-mar, podia se balançar nas nuvens, rodopiar e girar no ar, ele podia até voar com um bando de Andorinhas que passeavam voando pelo azul do céu, dando um espetáculo à parte. Porém, o que deixou Abel bem triste, foi quando ele viu crianças abandonadas que dormiam pelos bancos das praças, com frio, com fome e com sede. O Arcanjo percebeu que o garoto estava chorando e perguntou-lhe:

- Por que choras, pequena criança?

- Eu choro com pena das crianças que estão sozinhas, sem família, sem carinho, sem comida, sem escola, sem casa e sem nada. Respondeu-lhe Adão.

- Poupe suas lágrimas, Anjo Menino, porque muito ainda você tem para chorar. Disse-lhe o Arcanjo.

Poucos minutos depois, eles chegaram ao local pretendido, um lugar nunca visto antes pelo garoto, o cenário era deslumbrante, com muita relva verde e o colorido das flores, que deixavam o ambiente tranquilo, parecia até um Paraiso. E logo, Adão perguntou:

- Senhor Arcanjo, onde estamos? Tudo aqui parece tão perfeito!

- Adão, análise o que é perfeição para você! Diga-me o que você não pode ver aqui? Perguntou-lhe o Arcanjo.

- Senhor Arcanjo, eu não vejo meus pais, meu irmão, meus amigos, meus brinquedos achados no lixão, minha cama, minha casa, minha escola, não vejo meus animais e nem àqueles que amo. Sabe o que vejo: Minha família chorando por mim. Respondeu-lhe Adão.

- Então, para que voar, Adão! Se tudo que você precisa, você já tem! Saiba que estarei sempre te protegendo. Disse-lhe o Arcanjo.

Como em um passe de mágica, tudo desapareceu e Adão escutou a voz suave da sua mãe:

- Você se sente melhor, meu filho amado? Você estava falando sozinho?

- Oh mamãe querida, estou me sentindo muito melhor! Acho que estava sonhando. Respondeu-lhe o garoto.

Adão se levantou da cama, parou em frente a gaiola, abriu a portinha da mesma e deixou o periquito Arnaldo voar à procura de um ninho...

Os tempos passaram e Adão tornou-se um rapaz inteligente, responsável e honesto, foi trabalhar para o seu sustento e da sua família, ele não queria mais que os seus pais trabalhassem no lixão, pois ele queria que seu irmão terminasse os estudos. Desde aquele dia Adão sempre pede proteção, para ele e para sua família, ao Arcanjo Rafael.

Até a próxima aventura amiguinhos, muita proteção de Deus e Luz!

Elisabete Leite – 30/10/2018

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 03/11/2018
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